Ao receber o status de instituição constituinte da sociedade a partir da configuração social do que se entende por modernidade, a mídia, através dos meios de comunicação, se legitima como uma importante voz para a propagação e elaboração de discursos próprios. Dinfundindo não apenas modelos de sujeitos, mas também imprimindo modos desses indivíduos atuarem e interagirem no seio social, o discurso midiático contribui para a hegemonização de formas de organização de uma sociedade. Um desses pontos que forma um grupo social e estrutura as relações ali entrelaçadas é o gênero, que não é rígido e muito menos pré-discursivo, mas sim fruto de um processo de aprendizagem por meio dos vários discursos que permeiam os sujeitos, como o midiático. É partindo dessa premissa que a aspiração maior desta pesquisa se conjectura: como o gênero e todas as questões que o cercam são construídos nas narrativas da revistas em quadrinhos da Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem. Assim, este trabalho busca realizar um estudo de ordem qualitativa e comparativo entre as duas séries de revistas em quadrinhos mencionadas por meio da abordagem teórico-metodológica da análise de discursos, utilizando primordialmente as ideias de Maingueneau (2004), Charaudeau (2015), Verón (2004), com o intuito de descrever minuciosamente os elementos diretos e indiretos que se congruem para estabelecer como o regime de gênero é apresentado nas duas versões da Turma da Mônica, dado que uma é mostrada como continuição da outra. Para isso, produzimos essa dissertação com uma estrutura que combina a discussão teórica acerca do gênero e do que ele reverbera e pelo que é atravessado, por meio de autoras como Beauvoir (1970), Saffioti (2004), Connel e Pearse (2015; 2018), Hooks (2015), Davis (2015), com a análise acerca do que se encontra nos observáveis de pesquisa, composto por 24 edições da Turma Mônica e 24 edições da Turma da Mônica. Essas edições foram lançadas entre 2008 e 2009 e 2018 e 2019. A dissertação é estruturada em quatro capítulos, distribuídos por meio da argumentação ilustrada, em que os resultados da análise são dispostos junto à discussão teórica. Por fim, as considerações finais desvelam que o regime de gênero predominante nas duas versões da revista analisada caminha mais no sentido de manter a hegemonia daquele ideal de gênero imutável, sexista, misógino e desequilibrado.