A endocardite infecciosa (EI) é um desafio na prática odontológica durante atendimento de pacientes com valvopatias, pois pode ser causada por bacteremia após a realização de procedimentos como exodontias, raspagens e tratamentos endodônticos. Para evitar essa condição, recomenda-se uma profilaxia antibiótica, tendo como principal medicamento a amoxicilina. No entanto, bactérias resistentes a este medicamento foram identificadas na cavidade oral, tornando a profilaxia ineficaz na proteção de pacientes, principalmente crianças. O objetivo deste estudo é determinar a prevalência de bactérias do gênero estreptococos resistentes à amoxicilina na cavidade bucal de crianças com risco de EI. A hipótese a ser testada é que a prevalência dessas bactérias na cavidade bucal desse grupo é alta. A pesquisa seguirá a resolução 466/12 que estabelece as diretrizes para pesquisas envolvendo seres humanos. Participarão do estudo crianças de 3 a 12 anos atendidas em um hospital público de referência em Pediatria, com situações cardiovasculares consideradas de risco pela AHA para EI. Será realizada a aplicação de um questionário, exame clínico com os índices CPO-d, ceo-D e PUFA, consulta a prontuário e coleta de amostras de saliva e biofilme dental com auxílio de swab estéril. As amostras serão cultivadas em Ágar MitisSalivarius com e sem amoxicilina na concentração de 2 µg/mL (concentração utilizada para isolar cepas resistentes), incubadas por 48h em anaerobiose, sendo as colônias formadas contadas após esse período. Com as colônias resistentes, será realizado antibiograma pela técnica de difusão em disco para vários antibióticos, além da determinação da concentração inibitória mínima utilizando-se o Etest®. As bactérias resistentes serão caracterizadas fenotipicamente, sendo também determinadas as espécies, por meio de sequenciamento genético. Também será avaliada a relação entre a condição de saúde bucal dessas crianças, o nível de contaminação por estreptococos e a presença de estreptococos resistentes à amoxicilina. As variáveis de resposta serão submetidas a uma análise estatística exploratória, considerando a prevalência de bactérias resistentes e sua associação à condição bucal. O limite de significância adotado será de 5%.