Este estudo observacional transversal avaliou a coincidência de hipomineralização molar-incisivo (MIH) em pares de gêmeos mono e dizigóticos na faixa etária de 8 a 15 anos de Teresina-PI, Brasil. Foram coletados dados sociodemográficos e relacionados à saúde pré, peri e pós-natal. Foi realizado exame clinico dentário em posição simplificada por dois examinadores previamente treinados e calibrados (Kappa intraexaminador 1= 0,93; Kappa intraexaminador 2= 0,88; Kappa interexaminador= 0,85). Para o diagnóstico de MIH, foram utilizados os critérios da Academia Europeia de Odontopediatria. Foram realizados análise descritiva dos dados, testes Qui-quadrado, Exato de Fisher, T de Student e análises de regressão de multinível de Poisson, considerando três níveis. (1º nível - dente, 2º nível - criança, 3º nível - par de gêmeos). A população final foi composta por 167 pares de gêmeos. A prevalência de MIH identificada foi de 29,1%. Houve maior coincidência no diagnóstico da presença ou ausência de MIH para os gêmeos monozigóticos, tanto por dentes índices afetados (p=0,0012) quanto por pares de gêmeos avaliados (p=0,0211). No modelo final, a presença de MIH esteve associada a renda familiar entre um e dois salarios (p=0,009; RP = 3,82; IC95% 1,40-10,44), acima de dois salários (p=0,007; RP = 4,60; IC95% 1,51-14,05) e hemorragia gestacional (p=0,032; RP = 5,70; IC95% 1,16-28,14). Em conclusão, houve maior coincidência de MIH entre pares de gêmeos monozigóticos, sugerindo contribuição genética na etiopatogenia desse defeito de esmalte. A influência de fatores ambientais não pode ser descartada pela associação entre presença de MIH, renda e hemorragia durante a gestação.