A fluoretação da água é considerada a forma mais democrática de acesso aos fluoretos. A medida beneficia todos que são atendidos pelo sistema de abastecimento de água da comunidade, independentemente de sua condição social ou econômica. Apesar do benefício com baixos risco e custo para a comunidade a implantação dos sistemas de fluoretação de águas depende de investimento financeiro inicial elevado e infraestrutura, dificultando o acesso de populações a essa medida. Este estudo tem por objetivo avaliar a saúde bucal de adultos jovens residentes em bairros abastecidos ou não com água fluoretada. A população deste estudo foi constituída por estudantes de ensino médio de escolas públicas com idades entre 17 e 21 anos de bairros abastecidos com água fluoretada (grupo exposto - GE) e bairros não abastecidos com água fluoretada (grupo não exposto - GN). Questionário com perguntas relativas a aspectos sócios demográficos, condições de saúde bucal e autopercepção em saúde bucal foi aplicado. O exame foi realizado nas dependências das escolas, por uma examinadora previamente calibrada, com o participante na posição sentada e com a cabeça levemente inclinada para trás. Foram utilizados espelho bucal plano e sonda CPI, devidamente esterilizados. A cárie dentária foi mensurada pelo índice CPOD, a fluorose dentária pelo Índice Thylstrup-Ferjeskov, e foi determinada a necessidade de utilização de prótese dentária.Após a realização dos exames, os dados coletados foram organizados no SPSS versão 21.0 para as análises estatísticas. Para a verificação da existência de associação das variáveis dependentes (cárie e fluorose) com as variáveis independentes foram aplicados o teste qui-quadrado e o Teste T com nível de significância de 5%. Na análise multivariada utilizaram-se as variáveis cuja associação tiveram valor de p<0,20 na análise bivariada. Participaram do estudo 660 estudantes. Foi observada maior prevalência de cárie dentária no grupo não exposto (GN=81,2% e GE=68,3% - p<0,001). Com relação à severidade, observou-se índice CPOD médio menor para os jovens residentes em bairros com água fluoretada (GE=2,48 e GN=3,83 p<0,001). Observou-se que a não fluoretação da água estava associada a experiência de cárie(OR= 2,01; IC95%=1,35-2,99). Observou-se associação entre a presença de água fluoretada e a prevalência de fluorose muito leve/leve- (OR=2,26; IC95%=1,54-3,32) e moderada/severa (OR=3,66; IC95%=1,93-6,95). Conclui-se que mesmo com a utilização de dentifrício fluoretado houve diferença na prevalência de cárie nos grupos expostos ou não a fluoretação, sendo a doença mais prevalente e severa naqueles não expostos. Em relação à fluorose, a fluoretação da água está associada a maior prevalência de fluorose leve, moderada .