Objetivo:Avaliar o impacto do tratamento odontológico na qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por meio da percepção dos cuidadores. Métodos: Este foi um estudo observacional longitudinal prospectivo, cujos participantes foram 115 crianças e adolescentes com TEA, na faixa etária de 6 a 14 anos de idade assistidos em centros de referência para tratamento odontológico de pacientes com deficiências, em Teresina, Brasil. Os cuidadores responderam dois questionários: socioeconômico-demográfico e de QVRSB (Parental-CaregiverPerceptionsQuestionnaire -P-CPQ, versão brasileira curta e validada), este foi respondido antes e após três meses do tratamento odontológico. O exame clínico foi realizado por uma examinadora previamente treinada e calibrada para experiência de cárie (ceo-d/CPO-D), tipo de necessidade de tratamento, índice de higiene oral simplificado (IHO-S), traumatismo dentário (relato e observação dos dentes)e DDE (Defeitos de desenvolvimento de esmalte). Realizou-se análise descritiva e os testes: Kolmogorov-Smirnov, Mann-Whitney e Kruskall-Wallis, teste de Wilcoxon e análise de regressão de Poison com método backward. Considerou-se valor de p<0,05 como significante.Resultados: Os testes de associação mostraram que o trauma em dentes anteriores superiores impactou mais negativamente nos domínios sintomas orais da QVRSB (RR=1,6 IC95%1,2-2,1), bem-estar (RR=1,4 IC95%1,1-1,7) e escore total do P-CPQ (RR=1,3 IC95%1,1-1,6) antes do tratamento que indivíduos que não possuíram trauma. Ter experiência de cárie nos dentes decíduos e/ou permanentes impactaram mais negativamente nos sintomas orais da QVRSB (RR=1,6 IC95%1,2-2,3) antes do tratamento que indivíduos que não possuíam experiência de cárie. Ter sangramento gengival impactou negativamente no domínio limitação funcional (RR=1,4 IC95%1,1-1,8) e escore total do P-CPQ (RR=1,5 IC95% 1,2-1,8) antes do tratamento que indivíduos sem sangramento gengival. Ter fluorose e hipoplasiaimpactaram mais negativamente nos sintomas orais da qualidade de vida antes do tratamento que indivíduos que não possuíam defeito de esmalte. Conclusão: De acordo com a percepção dos cuidadores, o tratamento odontológico reduziu o impacto negativo na QVRSB em indivíduos com TEA que possuíam experiência de cárie, traumas em dentes superiores e anteriores, sangramento gengival, fluorose e hipoplasia.