As práticas de cuidado em saúde bucal são eventos complexos e influenciados pelos contextos sociais dos sujeitos, sendo agravados pela existência de obstáculos aos sistemas odontológicos públicos. Nesse cenário, a População em Situação de Rua ocupa um espaço desfavorecido no sistema de saúde e possuem a saúde bucal como uma de suas necessidades. O objetivo foi analisar a experiência de acesso às ações e serviços de saúde bucal por mulheres em situação de rua na cidade de Teresina, Piauí. Realizamos pesquisa qualitativa, norteada pelo paradigma interpretativo, com mulheres em situação de rua, maiores de 18 anos, cadastradas e acompanhadas em instituições de referência da cidade. A produção de dados ocorreu com entrevista semiestruturada, gravadas e transcritas sem a utilização de software profissional. As análises foram feitas em blocos de três, mediante saturação teórica, utilizando a hermenêutica de Hans-Georg Gadamer (1999) associada às contribuições de Paul Ricoeur (1976). Mediante 13 entrevistas, identificamos duas unidades de significado: Ser-mulher em situação de rua e Acesso às ações e serviços de saúde bucal. Diversas problemáticas cruzam as vidas dessas mulheres, sendo agravadas pela condição de gênero. Precárias condições de saúde bucal e dificuldade de acesso aos serviços odontológicos foram indicados nas narrativas. As principais barreiras ao acesso são a demora na marcação de consultas, a exigência de documentos de identidade para acessar aos serviços e a existência de alguns profissionais de saúde bucal que atendem somente a população com residência fixa dentro do território de ação da Unidade Básica de Saúde. É imperativo que as políticas existentes sejam postas em prática. A presença de um dentista na equipe de Consultório Da Rua é apontada como necessária. Mas deve-se reforçar que todos os cirurgiões-dentistas da rede são responsáveis pela atenção à saúde bucal das pessoas em situação de rua.