Introdução: Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do
novo coronavírus constituía uma emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional (ESPII). Em razão da falta de vacina e medicamentos, pelo menos
três tipos de medidas não farmacológicas foram recomendadas: aumento do
estado de alerta e higiene; identificação e isolamento de pessoas infectadas e
seus contatos e bloqueio de circulação (lockdown). Os dentistas, por estarem
em contato próximo com as gotículas do paciente e aerossóis gerados,
constituem um grupo de grande risco de contaminação. Diversos protocolos
sobre o atendimento odontológico foram lançados, sendo principalmente
recomendado o atendimento apenas de urgências odontológicas. Esta pesquisa
teve como objetivo avaliar a interferência da pandemia de COVID-19 sobre os
atendimentos odontológicos na rede pública de Teresina-PI frente aos decretos
governamentais e recomendações de organizações de saúde e entidades de
classe. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo transversal retrospectivo
de abordagem quantitativa realizado no município de Teresina, Piauí, Brasil,
fundamentado na coleta de dados referentes aos procedimentos odontológicos
realizados em atendimentos de urgência em Teresina nos últimos cincos anos
iniciando-se em período de 01 de abril de 2016 a 31 de março de 2021. Esses
dados foram coletados no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema
Único de Saúde (SIA/SUS) e no Comitê Gestor Dos Serviços do SUS (CGSUS),
analisados, lidos e transcritos para um instrumento próprio e submetidos aanálise estatística posteriormente. Resultados: Os procedimentos
odontológicos tiveram uma redução de 84,1% devido à pandemia, tendo os
procedimentos preventivos uma diminuição de 32% para 4,4% dentre todos os
eventos realizados. Não houve mudança na prevalência do gênero e nem da
faixa etária mais atendida em ambos os períodos. Os atendimentos de urgência
apresentaram um aumento de 250% enquanto as consultas agendadas
reduziram em 89,8%. Os procedimentos predominantes no período pré-Covid
foram as raspagens e orientações de higiene, enquanto na pandemia
prevaleceram os selamentos de cavidade e as exodontias. Conclusão: A
pandemia de COVID-19 resultou na diminuição drástica na realização de
procedimentos preventivos e restauradores, o que precisa ser considerado para
que políticas futuras sejam realizadas na tentativa de cobrir a demanda que
deverá ser formar a fim de compensar o desamparo da população durante o
período de pandemia.