Contribuição tecnológica para o desenvolvimento de um fitoterápico a partir de Lecythis pisonis Camb.
Lecythis pisonis Camb. Desenvolvimento tecnológico. Atividade antipruriginosa. Fitoterápico.
O uso de plantas medicinais para o tratamento de doenças acompanha a humanidade desde sua existência. E o Brasil como detentor de uma enorme biodiversidade é impulsionado a desenvolver pesquisas na área de fitoterápicos. Nesse contexto, a espécie vegetal Lecythis pisonis Camb., Lecythidaceae, uso popular para tratar irritações na pele e outros males, e com propriedades farmacológicas já evidenciadas inspirou este trabalho a contribuir na área de tecnologia de fitoterápico com a obtenção e caracterização do extrato seco por aspersão de L. pisonis utilizando o dióxido de silício coloidal e a β-ciclodextrina como adjuvante de secagem visando selecionar o extrato com melhor desempenho nas propriedades tecnológicas e farmacológicas e que tenha a segurança e a qualidade assegurada. Inicialmente, realizou-se uma prospecção científica e tecnológica sobre a espécie L. pisonis. Em seguida foi desenvolvida a parte tecnológica de obtenção e caracterização físico-química e tecnológica dos dois extratos secos por aspersão utilizando o spray drying a partir de extratos hidroalcoólico. Para caracterização dos extratos foram realizados ensaios de solubilidade, pH, perda por dessecação, Microscopia Óptica e Eletrônica de Varredura, Difração de Raios-X, Propriedades de Fluxos e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. O desempenho farmacológico foi avaliado através dos estudos de atividade farmacológica em modelos de toxicidade oral em dose única, prurido induzido pelo composto 48/80, participação dos receptores opioides no mecanismo de ação dos extratos e degranulação de mastócitos ex vivo induzido pelo composto 48/80. A prospecção científica e tecnológica evidenciou a carência de estudos e inovação com a espécie L. pisonis, foram encontrados apenas trinta e seis artigos e apenas três patentes depositadas sobre a espécie L. pisonis, na área de necessidades humanas, sem alicações farmacológicas. Os extratos secos obtidos por aspersão apresentaram boas características tecnológicas quanto as propriedades de fluxo sem nenhuma limitação para o desenvolvimento de um produto. Os ensaios de toxicidade oral não evidenciaram toxicidade limitante na dose de 2000 mg/kg; os dois extratos apresentaram atividade antipruriginosa em camundongos nas doses de 100 e 200 mg/kg, pois reduziram a sensação de coceira induzida pelo composto 48/80. Os resultados sugeriram a participação do sistema opioide na atividade antipruriginosa dos extratos já que a atividade destes foi bloqueada pela morfina, um antagonista opioide. Os extratos foram capazes de diminuir a degranulação de mastócitos dos mesentérios de ratos induzida pelo composto 48/80 nas doses de 200 mg/kg. Dessa forma, conclui-se que tanto o ESALPA quanto o ESALPC são matérias primas com boas propriedades tecnológicas e com atividade antipruriginosa, podendo, no futuro, serem utilizados para o desenvolvimento de um fitoterápico direcionado para o tratamento do prurido.