Atividades farmacológicas de um composto isolado de Guatteria friesiana na terapia da Doença de Alzheimer.
Palmatina. Tratamento. Farmacologia. Doença de Alzheimer
A busca por compostos com atividades farmacológicas promissoras torna os estudos acerca de das plantas medicinais cada vez mais frequentes. Destaca-se nesse contexto a espécie Guatteria friesiana (W.A. Rodrigues) Erkens & Maas (Annonaceae), uma planta encontrada da bacia amazônica brasileira e colombiana e utilizada na medicina tradicional para várias finalidades. O alcaloide palmatina, isolado das folhas de G. friesiana vem apresentando ações farmacológicas interessantes, mas ainda existe um campo a ser pesquisado no que diz respeito à sua aplicação para a terapia de doenças neurodegenerativas, em especial a Doença de Alzheimer. A Doença de Alzheimer é uma patologia multifatorial que acomete uma significativa parcela da população e vem crescendo ao longo dos anos devido ao aumento da proporção de idosos na população mundial. Fatores como formação de placas senis e emaranhados neurofibrilares, redução dos níveis de acetilcolina e fenômenos oxidativos estão relacionados ao desenvolvimento e/ou progressão do Alzheimer. Assim, o estudo objetivou avaliar as ações anticolinesterásica in vitro, antioxidante in vitro (DPPH, ABTS, TBARS, radicais NO, OH e potencial redutor) e in vivo da palmatina, bem como avaliar o modo de interação da molécula com a enzima acetilcolinesterase através da análise computacional. O estudo iniciou com uma revisão bibliográfica sobre os alcaloides que apresentavam ações relevantes para o tratamento do Alzheimer (ações anticolinesterásica, antioxidante, antidepressiva, ansiolítica e anti-inflamatória) e posteriormente realizou-se uma prospecção científica e tecnológica sobre as ações farmacológicas da palmatina. Em seguida, ensaios in vitro foram realizados para avaliar a atividade anticolinesterásica da palmatina, ácido ascórbico e trolox e da associação palmatina+trolox. Foram ainda executados ensaios antioxidantes in vitro e in vivo com os mesmos compostos de forma isolada e em associação. A palmatina, o trolox e a associação desses apresentaram um CI50 = 0,29 µg/ml, CI50 = 2,256 µg/ml e CI50 = 1,534 µg/ml, respectivamente, em relação à inibição da AChE. O alcaloide, o trolox e o ácido ascórbico isolados e em associação também apresentaram atividade antioxidantes significativa em vários testes in vitro e foram capazes de modular a oxidação promovida pelo peróxido de hidrogênio em diferentes cepas de Saccharomyces cerevisiae. A análise computacional demonstrou que a ligação da palmatina com o sítio ativo da AChE apresenta semelhança espacial com interação AChE e galantamina, um alcaloide extensamente utilizado na terapia do Mal de Alzheimer. Portanto, os resultados obtidos demonstram que a palmatina apresenta ações promissoras que possibilitam o desenvolvimento de uma nova alternativa terapêutica para a Doença de Alzheimer.