Estudos pré-clínicos da neurotoxicidade da fração rica em casearinas isolada das folhas de Casearia sylvestris Swartz
Antioxidante; Casearia; Comportamento animal; Toxicidade.
A Casearia sylvestris Swartz, conhecida em algumas regiões do Brasil como guaçatonga, é um exemplar de planta com caráter medicinal e folclórico utilizada popularmente para tratar diarreia, ferimentos e envenenamentos ofídicos. Entretanto, poucos estudos relatam suas propriedades toxicológicas, havendo apenas abordagens limitadas em torno da DL50 e da toxicidade agudade seus derivados e constituintes principais pertencentes ao grupo das casearinas. Dessa forma o presente estudo teve como objetivo avaliar a neurotoxicidade da fração rica em casearinas isolada do extrato etanólico das folhas de Casearia sylvestris Swartz por meio da determinação do potencial oxidativo da fração rica em casearinas em ensaios in vitro e da aferição de alterações comportamentais induzidas empregando os métodos do rota rod, campo aberto e labirinto em cruz elevado. Foi observado que fração rica em casearinas (FC) é dotada de propriedade antioxidante, uma vez que, reduziu os níveis de nitrito, sobretudo na concentração de 7,2 µg mL-1 (50% de redução, CE50 de 3,7 µg mL-1), bem como diminuiu a produção de radicais hidroxila (61,6%; 6,4 µg mL-1) e de TBARS (72,4%; 0,16 µg mL-1) provavelmente devido à presença de sítios responsáveis pela interação e sequestro das espécies reativas. Devido à ausência de estudos no que diz respeito às ações da C. sylvestris sobre o sistema nervoso central (SNC), também foi realizado um screening neurofarmacológico da FC relacionando seus efeitos sobre a cognição de camundongos mediante testes comportamentais. Os resultados demonstraram que a maior dose (25 mg kg-1) provocou diarreia, redução de peso e morte de um animal (11,11%). No teste do campo aberto, todas as doses da FC (2,5, 5, 10 e 25mg kg-1) diminuíram o número de cruzamentos (p<0,05) em relação ao controle com DMSO 4% e ao diazepam. Houve redução do número de rearings apenas na dose de 25 mg kg-1 (p<0,05), não havendo nenhuma modificação significativa no número de groomings. No labirinto em cruz elevado, a FC diminuiu o número de entradas nos braços abertos em relação ao diazepam (p<0,05) em todas as doses testadas, o tempo de permanência no braço aberto nas maiores doses (10 e 25 mg kg-1) e o número total de entradas. Na técnica do rota rod, a FC apresentou aumento significativo no tempo de permanência na barra giratória em relação ao diazepam e, consequentemente, uma diminuição no número de quedas (p<0,05), achados que sugerem que as casearinas encontradas na FC reduzem a atividade locomotora espontânea e exploratória dos animais com ausência de efeitos sedativos e miorrelaxantes, típicos dos benzodiazepínicos. Esses achados suscitam que as alterações comportamentais podem ser decorrentes de lesões no SNC provocadas pela fração rica em casearinas.