Nanoencapsulação de um derivado peptídico de secreção mucocutânea de anuros com potencial uso farmacêutico.
Atividade antitumoral in vitro, citotoxicidade, Dermaseptinas, dermaseptina 01, lipossomas.
A dermaseptina 01 (DS01) é um peptídeo catiônico anfifílico extraído e isolado da secreção mucocutânea de anuros (rãs e sapos) do grupo de espécies Phyllomedusa hypochondrialis. Dermaseptinas exercem uma desejável ação lítica sobre membranas celulares de patógenos. Todavia, exibem baixa resistência à atividade proteolítica do soro e do plasma e portanto, são rapidamente depuradas pelo organismo após a administração, ou seja, possuem limitada atividade in vivo. Lipossomas são nanossistemas carreadores de fármacos amplamente utilizados, e que podem perfeitamente encapsular proteínas, protegendo-as contra a proteólise ou outros fatores desestabilizadores. Neste trabalho, objetivou-se preparar formulações farmacêuticas lipossomais unilamelares pequenas para a encapsulação da DS01, caracterizá-las fisicoquimicamente verificando suas estabilidades e avaliar sua atividade antitumoral in vitro. Os lipossomas foram preparados pelo método de hidratação do filme lipídico, seguido de sonicação. Os parâmetros de caracterização foram aferidos após o preparo no tempo zero (com 24 horas), e após os testes de estabilidade acelerada (agitação mecânica e centrifugação) e à longo prazo (em dias até a perda de estabilidade). Lipossomas não-carregados com o peptídeo foram preparados para controle. A atividade antitumoral in vitro da DS01 livre e nas formas lipossomais foi analisada em células de adenocarcinoma de cólon humano (HT-29) e carcinoma epidermóide de laringe humana (HEp-2), pelo ensaio de citotoxicidade de redução do sal de tetrazólio (MTT). Ao tempo zero, todas as formulações convencionais e furtivas apresentaram parâmetros de caracterização satisfatórios. Após os testes de estabilidade acelerada e à longo prazo, as formulações convencionais permaneceram estáveis em todos os parâmetros, exceto tamanho médio; as formulações furtivas foram completamente estáveis. O ensaio de redução do MTT demonstrou que todas as formulações lipossomais (inclusive as vazias) apresentaram valores de inibição tumoral em porcentagens consideravelmente maiores que a solução livre de DS01, para as duas linhas celulares tumorais. O peptídeo DS01 foi incorporado em carreadores unilamelares convencionais e furtivos com sucesso. Outros testes de caracterização das preparações estão sendo realizados. Os lipossomas (não-carregados e carregados) apresentaram expressiva atividade inibitória in vitro, maior que a ação do peptídeo livre para as duas linhas celulares testadas, isto é, o potencial lítico da DS01 sobre membranas biológicas de células tumorais foi aumentado com a nanoencapsulação. Outros estudos são necessários e estão sendo realizados para distinguir o perfil de inibição tumoral entre lipossomas vazios e contendo DS01.