Potencial farmacêutico anticâncer de substâncias extraídas de venenos de sapos da região Amazônica
Anticâncer. Atividade antiproliferativa. Bufadienolídeos. Marinobufagina. Rhinella marina.
O tratamento do câncer sofre diversos desafios pelo fato da maioria dos quimioterápicos possuir efeitos adversos prejudiciais às células normais e as neoplasias apresentarem resistência farmacológica. Vários estudos estão sendo realizados no âmbito de produtos naturais com o intuito de desenvolver alternativas terapêuticas mais eficazes e menos tóxicas. Nesse contexto encontram-se os bufadienolídeos, compostos isolados de venenos de sapos, que possuem diversas atividades biológicas. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo estudar o potencial antitumoral in vitro de substâncias extraídas de venenos de sapos da região Amazônica. Para tanto, a presente dissertação foi dividida em três capítulos para facilitar a compreensão dos protocolos experimentais realizados. No primeiro capítulo, realizou-se uma prospecção científica e tecnológica para avaliar os estudos e pedidos de depósitos de patentes relacionadas a ação antitumoral dos bufadienolídeos. Observou-se que apenas 9 artigos relacionavam os termos Bufadienolideo e câncer e apenas um pedido de depósito de patente, que foi classificado com A61K, mostrando que ainda há pouco interesse tecnológico na atividade antitumoral dos bufadienolídeos. No segundo capítulo foi realizada uma bioprospecção da atividade antiproliferativa de extratos de venenos de Rhinella marina e Rhaebo guttatus fêmeas/machos que da região Amazônica do Brasil. Os extratos revelaram citotoxicidade contra células tumorais humanas de leucemia (HL-60), ovário (OVCAR-8), glioblastoma (SF-295) e cólon (HCT-116), sendo que extrato de R. marina foi potencialmente mais citótoxico que o fármaco padrão doxorrubicina, com valores de CI50 variando de 0,01 (HL-60, SF-295 e HCT-116) a 0,23 µg/mL (OVCAR-8). Através do teste de Alamar blue verificou-se que os extratos foram até 80 vezes mais seletivos contra células leucêmicas quando comparado com leucócitos normais. Os extratos obtidos de R. marina diminuíram a incorporação de BrdU ao DNA de células HL-60 em ambas concentrações testadas (0,1 e 1 µg/mL). No terceiro capítulo foi avaliada a ação antileucêumica da molécula marinobufagina, o componente majoritário nos extratos de R. marina, a qual se mostrou altamente citotóxica contra as linhagens testadas (CI50 de 0,06 a 0,18 µg/mL), não causou hemólise em eritrócitos de camundongos (até 200 µg/mL) e causou alterações morfológicas indicativas de morte celular por apoptose na concentração de 0,1 µg/mL.