OBTENÇÃO, AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO IN VITRO E ATIVIDADE ANALGÉSICA DE MICROEMULSÃO TRANSDÉRMICA DE CETAMINA
Analgesia; Cetamina; Microemulsão; Cinética de libração;
A cetamina é um agente anestésico, e é administrado por via intravenosa ou intramuscular para anestesia cirúrgica. Recentemente, tem crescido o uso da cetamina em dosagens mais baixas para fornecer efeitos analgésicos em uma ampla gama de quadros de dor aguda ou crônica. Apesar dos seus potenciais benefícios no tratamento da dor, principalmente na dor neuropática, a administração sistêmica da cetamina em nível ambulatorial tem sido limitada devido à inexistência de formulações por outras vias de administração e à presença de efeitos adversos como alucinações, náuseas e vômitos. A via de administração transdérmica possui vantagens em relação à intravenosa ou oral, por permitir um fluxo constante e manutenção dos níveis plasmáticos de fármacos dentro da janela terapêutica, assim como evitar o metabolismo de primeira passagem hepático e diminuir os efeitos adversos, nesse contexto, as microemulsões se apresentam como uma alternativa para a liberação transdérmica de fármacos uma vez que promovem a permeação cutânea dentro e através da barreira da pele. O objetivo deste trabalho foi obter, caracterizar e avaliar o perfil de liberação in vitro de microemulsões de cetamina para administração transdérmica, bem como avaliar a ação analgésica in vivo em camundongos. Assim, foi desenvolvido e validado um método analítico de quantificação de cetamina por espectrofotometria UV-vis, na primeira derivada, para quantificação de cetamina em microemulsão e nas amostras de cinética de liberação in vitro com membrana sintética, o qual mostrou-se linear (r = 0,99998), preciso, exato e robusto. Foram formuladas 05 microemulsões óleo em água (o/a) com concentrações fixas de óleo (miristato de isopropila) e concentrações variadas de água e da mistura de tensoativo/co-tensoativo (Labrasol®/Plurol®) (3:1), às quais foi adicionada cetamina a 4%. Tais microemulsões foram avaliadas quanto ao aspecto macroscópico, e caracterizadas por testes físico-químicos para determinação de pH, condutividade, índice de refração, tamanho de gotículas e características reológicas e submetidas a ensaios de liberação in vitro. Desta forma, pôde-se constatar que o fluxo de liberação (Jss) e a quantidade máxima de cetamina liberada (Qmax), após seis horas, aumentaram com o aumento do teor de água nas microemulsões e a consequente diminuição da viscosidade. Após estas etapas a ME04, que obteve maiores valores de Jss e Qmax, foi selecionada para avaliação da ação analgésica em pata de camundongo, após incisão cirúrgica, pela avaliação do limiar de dor com o auxílio de filamentos de von Frey, a qual demonstrou significativo efeito analgésico. Logo, de acordo com os experimentos realizados, a microemulsão avaliada demonstrou potencial aplicação como carreador de cetamina para administração transdérmica, apresentando-se como alternativa terapêutica para analgesia.