AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E TOXICOLÓGICAS DA AGATISFLAVONA: SUBSÍDIO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM FITOMEDICAMENTO
Agatisflavona. Antioxidante. Biflavonoide. Sistema Nervoso Central. Toxicidade Aguda.
Normalmente, os flavonoides biologicamente ativos apresentam baixa toxicidade e propriedades antioxidantes, antiinflamatória, neuroprotetora, entre outras. Uma das classes de flavonoides que possuem importantes atividades inerentes ao grupo são os biflavonoides. Dentre estes, a agatisflavona é um dos menos estudados, principalmente no que se refere à suas propriedades toxicológicas, antioxidantes e no tratamento e prevenção de desordens neurológicas, sendo, portanto, o foco deste trabalho. A pesquisa foi dividida em três capítulos, sendo que o primeiro apresenta uma prospecção científica e tecnológica sobre suas aplicações farmacêuticas em patologias relacionadas ao sistema nervoso central. Foram utilizados documentos publicados nos bancos de dados científicos e tecnológicos, a nível nacional e internacional. As palavras-chave utilizadas foram: agatisflavona, antioxidante, ansiolítico, neuroprotetor, antidepressivo, assim como suas correlações. Foi possível constatar um extenso número de publicações no que se refere às suas atividades farmacológicas como: antimicrobiana, antivirais, anticarcinogênica. A agatisflavona se destaca como composto potencialmente ativo sobre o sistema nervoso central, atuando principalmente no processo de neurogênese. Porém, não foram verificados depósitos de patentes que correlacionam o biflavonoide a desordens neurológicas. O capítulo dois busca descrever suas propriedades antioxidantes in vitro por meio da avaliação de sua habilidade em eliminar radicais DPPH• , ABTS•+ e hidroxila, bem como a sua capacidade para iniciar a transferência de elétrons por meio do potencial redutor, em inibir a peroxidação lipídica pelo método TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico) e a produção de óxido nítrico. Foi demonstrado que a agatisflavona apresenta capacidade antioxidante contra os radicais testados semelhante (p < 0,05) ao Trolox (padrão antioxidante utilizado) e a de outros compostos fenólicos: miricetina, catequina, fukugisida e morelloflavona, estruturalmente semelhantes a agatisflavona, o que evidencia a importância deste composto na proteção contra os possíveis danos oxidativos in vivo ocasionados por radicais livres. Por fim, o terceiro capítulo expõe a estimativa da DL50 e a avaliação da toxicidade sobre os parâmetros anatomohistológicos, fisiológicos (peso, alimentação, excreção, bioquímicos e hematológicos) e comportamentais da agatisflavona em camundongos Swiss fêmeas, bem como sua citotoxicidade frente à Artemia salina. Durante o tratamento, nenhuma morte foi registrada nas doses de 300 e 2000 mg/Kg (n = 03/grupo), o que permite estimar que a DL50 da agatisflavona seja maior ou igual a 5000 mg/Kg. O biflavonoide não alterou os parâmetros analisados e não foi verificada diferença significativa (p > 0,05) nos achados obtidos em relação ao grupo controle. A agatisflavona revelou possuir toxicidade frente à Artemia salina e baixa toxicidade aguda por via oral quando comparado ao grupo controle e a outros biflavonoides como amentoflavona, santalina A, fukugetina. Os dados obtidos na prospecção científica e tecnológica e dos testes in vitro e in vivo realizados neste estudo permite o desenvolvimento de pesquisas inovadoras referentes às ações farmacológicas da agatisflavona, visto que este biflavonoide apresenta grande potencial para o desenvolvimento de um novo produto farmacêutico voltado à prevenção e/ou tratamento de doenças relacionadas ao estresse oxidativo. Entretanto, é necessária a realização de mais estudos de toxicidade que contribuam e reforcem os resultados alcançados nesta investigação.