As doenças inflamatórias intestinais (DII) podem ser representadas pela doença de Crohn (DC) e pela retocolite ulcerativa (RCU), essas patologias caracterizam-se pelo caráter crônico e recidivante da inflamação. Ainda não existe consenso acerca do agente etiológico, mas alguns estudos apontam para a existência de fatores ambientais, genéticos, da microbiota intestinal, imunológicos, além do estresse oxidativo. Sabe-se que a formação de espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio está aumentada durante o processo inflamatório, sendo um fator agravante para a fisiopatologia das DII. Dessa forma, a utilização de um agente antioxidante como adjuvante no tratamento seria uma possibilidade para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O ácido alfa-lipoico (AAL) é um composto organossulfurado, contendo oito átomos de carbono e dois átomos de enxofre, está presente em células procarióticas e eucarióticas apresentando um papel central no metabolismo energético, além de possuir um potencial redox de -0,32 V, sendo denominado de antioxidante universal. Assim, o objetivo principal desse trabalho foi obter comprimidos de liberação modificada de AAL para utilização como adjuvante no tratamento das DII. Como etapas preliminares, realizou-se uma prospecção científica, a fim de verificar a utilização pré-clínica desse composto nas DII; desenvolveu-se e validou-se uma metodologia analítica para quantificar o AAL por espectrofotometria UV-Vis, realizou-se um estudo de pré-formulação do AAL, por meio da análise das propriedades de fluxo e pela caracterização do material utilizado como matéria-prima através da comparação com padrão analítico pelas técnicas de espectroscopia no infravermelho e ressonância magnética nuclear (RMN) e formulou-se os comprimidos com liberação modificada. Através da prospecção científica foi possível confirmar a eficácia do AAL nas DII, sendo a atividade atribuída principalmente as suas propriedades antioxidantes. O método foi desenvolvido, sendo este de fácil execução e de baixo custo, além disso, foi validado, uma vez que atendeu aos parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira, sendo seletivo, linear, preciso, exato e robusto. A análise da morfologia das partículas por MEV demonstrou a característica cristalina, que foi confirmada pela difração de raios-X, além disso, apresentou uma média de tamanho de partícula de 500 µm. O estudo das propriedades de fluxo demonstrou a necessidade de utilização de excipientes específicos para a melhoria desta característica, pois o pó apresentou razão de Hausner de 1,51 e índice de Carr de 34,1%, ângulo de repouso e tempo de escoamento infinitos, revelando um fluxo ruim. As técnicas de espectroscopia no infravermelho e RMN confirmaram a identidade da matéria-prima utilizada para a obtenção dos comprimidos através de comparação com o padrão analítico, garantindo uma segurança para a próxima etapa deste estudo.