A ricina é uma toxina proteica da planta Ricinus communis (nome popular: mamoma) com DL50 de 1,0 μg/kg por via inalatória e via endovenosa. Apesar de possuir alto risco de ser utilizada como arma biológica ou ser sujeito de intoxicações acidentais, a ricina não possui antídoto. Visto que o desenvolvimento de fármacos é caracterizado como etapa de alto custo, incluindo anos de pesquisa para identificar princípio ativo, testes clínicos e teste de segurança, este estudo objetivou avaliar in silico e in vitro, a possibilidade de reposicionamento de fármacos como inibidores da ricina. A partir dos estudos de docking e resultados in vitro, realizamos estudos de Química Medicinal a fim de compreender o modo de interação entre os fármacos e a ricina e propor modificações racionais que aumentem a afinidade de ligação, melhorem a farmacocinética e se caracterizem como moléculas druglikeness. O estudo in silico teve como base o complexo proteína-ricina obtido do site Protein Data Bank (PDB: 4HUO) com hit (N-{N-(pterin-7-il)carbonilglicil}-L-tirosina) no sítio ativo e os softwares Spartan’14 para o desenho e otimização das estruturas, Discovery Studio Visualizer e Molegro Virtual Docker® foram utilizados para analisar o sítio ativo e realizar o docking das moléculas (energia de interação do hit = -140,57 Kcal/mol). A partir da estrutura do hit, foi utilizado o servidor do SwissModel (Swiss Similarity) para identificar fármacos com características físico-químicas semelhantes [D1] e que apresentem energias de interação avaliadas por docking superiores à do hit. Os fármacos cefpiramida, arbecacina, ertapenem, cefradina, aztreonam, gentamicina, cefotetan, natamicina, ceftibuteno, latamoxef e tobramicinaforam identificados na triagem e demonstraram as seguintes energias de interação: -177,91 Kcal/mol, 173,31 Kcal/mol, -157,71 Kcal/mol, -151,53 Kcal/mol, -150,13 Kcal/mol, -149,15 Kcal/mol, -145,67 Kcal/mol, -144,81 Kcal/mol, -143,32 Kcal/mol, -141,98 Kcal/mol, respectivamente. Dentre os fármacos identificados, foram selecionados o Cefotetan, Natamicina e Ceftibuteno, para a pesquisa. Por fim, através de técnicas de Química Medicinal foram propostas modificações baseadas na relação estrutura-atividade dos fármacos cefotetan, natamicina e ceftibuteno, as quais apresentaram melhor potencial de inibição da ricina, sendo uma perspectiva para o desenvolvimento de novas moléculas em estudos futuros.