O estabelecimento de programas de gerenciamento de antimicrobianos tem sido alternativa contra seu uso irracional, e consequentemente da resistência antimicrobiana. Uma das estratégias desses programas é a alteração da via de administração de endovenosa para oral, uma intervenção simples e bem reconhecida, quando aplicável. O objetivo desse estudo foi avaliar a implantação de um protocolo de mudança de terapia antimicrobiana da via endovenosa para oral no Hospital Universitário da
Universidade Federal do Piauí. Na coorte prospectiva foi avaliada a eficácia do protocolo para a busca ativa dirigida da elegibilidade dos indivíduos por um fluxogram de critérios de conversão endovenosa-oral de antimicrobianos durante 4 meses. A retrospectiva, correspondeu aos mesmos meses no ano anterior, mas sem a aplicação do fluxograma proposto. Foram considerados como desfechos a taxa de aceitação da intervenção para conversão, a frequência e a precocidade da mudança da
terapia endovenosa para a oral, ou continuidade da antibioticoterapia após a alta,o tempo de hospitalização e a duração da terapia endovenosa. Para avaliar a segurança e a eficácia da conversão, os seguintes indicadores foram considerados: reinício do tratamento antimicrobiano endovenoso, mortalidade hospitalar e readmissão dentro de 30 dias após a alta. A taxa de
conversão foi de 58,5% (48 ciclos), sendo 15 realizados ainda na hospitalização e 33 apenas na alta. As especialidades cirúrgicas e os focos de infecção de pele e partes e moles e osteoarticulares tiveram relação com a gravidade do perfil dos participantes, e consequentemente, impacto sobre a precocidade da conversão, considerada até 8 dias de tratamento, mesmo assim com uma frequência maior em comparação ao período anterior (diferença de 41,6%). O perfil da cobertura empírica e guiada por cultura
microbiológica dos antimicrobianos foram compatíveis com as opções orais elegíveis, favorecendo a conversão oral, e a eficácia e segurança da antibioticoterapia não foram alterados de acordo com a avaliação da mortalidade, reinício de terapia endovenosa e reinternação após 30 dias. Assim, a elaboração do protocolo e abordagem da intervenção aos prescritores por meio de um fluxograma foi eficaz e trouxe desfechos favoráveis.