O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença metabólica que causa ativação anormal de vias de sinalização no organismo; é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e infecto-inflamatórias, como a hipertensão e a Inflamação Pulmonar Aguda (IPA). O Brasil apresenta alto potencial na busca por fármacos, em plantas medicinais, como alternativa ou coadjuvante terapêutico para diversas doenças, dentre elas, da-se destaque a Platonia insignis Mart., muito estudada por seus efeitos anti-hipertensivo, antidiabético, anti- inflamatório e antioxidante. Assim, o estudo objetivou desenvolver, caracterizar e avaliar os efeitos de nanoformulações obtidas da Manteiga das Sementes do Bacuri (MSB) no estresse oxidativo e na reatividade ex vivo em artéria aorta de ratos com DM1 e IPA associada. Foram desenvolvidas 04 formulações, submetidas a ultraprocessamento a 15000 rpm em Ultra-Turrax, havendo variação no tempo de cisalhamento de 0 (PLS), 5 (NLS-5), 10 (NLS-10) e 20 (NLS-20) minutos. Em estudo de caracterização, as formulações apresentaram- se como emulsões, a 50°C, de caráter óleo em água e E.H.L de 13,98, tornando-se Partículas ou Nanopartículas Sólidas a temperatura ambiente (25°C). A estabilidade das amostras, avaliada por 90 dias, apresentou-se diretamente proporcional ao tempo de cisalhamento, sendo a PLS-20 a de maior estabilidade, não apresentando alterações macroscópicas e mantendo-se em escala nanométrica (130±8,35 nm), monodispersa (PdI de 0,439±0,023), alto potencial zeta (63,6±2,66) e com ínfima alteração no pH. Posto isso, realizou-se estudo in vivo para avaliar e correlacionar o potencial antioxidante em arco aórtico das formulações PLS e NLS-20. A indução de DM1 foi realizada por Estreptozotocina 45 mg/Kg i.p, com posterior tratamento por 28 dias e indução de IPA no 29° dia utilizando Lipopolissacarídeo de E.coli O55:B5 (LPS) i.t 4 mg/Kg/mL. Os animais foram divididos em 9 grupos: CN (Controle Normal); CD (Controle Diabético); CD-IP (Controle Diabetico com IPA); e os grupos com DM1 e IPA que receberam os seguintes tratamentos: PLS 25 e PLS 50 (Partículas
Lipídicas Sólidas de MSB 25 e 50 mg/Kg v.o); NLS-20 25 e NLS-20 50 (Nanopartículas Lipídicas Sólidas de
MSB 25 e 50 mg/Kg v.o); MET (Metformina 150mg/Kg v.o) e INS (Insulina NPH 6 UI/animal/dia, s.c). Ao
final do tratamento, foram determinados os marcadores de estresse oxidativo em tecido aórtico: mieloperoxidase e nitrito (NO2-t e MPOt), além de superóxido dismutase e Catalase (SODt e CATt). O efeito antioxidante da MSB foi identificado através da redução de MPOt dos grupos tratados com as formulações derivadas da MSB: PLS 25 (5,51±0,82 U/g), PLS 50 (6,59±0,78 U/g), NLS-20 25 (8,48±0,84 U/g) e NLS-20 (8,43±1,61 U/g) comparados ao CD-IP (13,65±1,86 U/g). Bem como observou-se redução nos níveis de NOt nos grupos PLS 25 (13,94±1,46 mM/g), PLS 50 (14,74±1,32 mM/g), NLS-20 25 (15,28±0,87 mM/g) e NLS-20 50 (15,43±0,96 mM/g) comparados ao CD-IP (21,62±1,34 mM/g). Por fim, os grupos PLS 25, NLS- 20 25 e 50 também apresentaram aumento considerável nos níveis de CATt comparados ao CD-IP. Os tratamentos não apresentaram efeito restaurador sobre os níveis de SODt. Ainda, ao avaliar a reatividade vascular de artéria aorta ex vivo, os animais que receberam tratamento com a formulação PLS ou NLS-20 não apresentaram aumento na vasocronstrição induzida pela fenilefrina. Em contrapartida, as formulações apresentaram capacidade vasorrelaxante, sobretudo a NLS-20, efeito atribuído às nanopartículas presentes na formulação. Quanto a resposta observada frente ao L-Name, tem-se que o vasorrelaxamento apresentado nos grupos foi majoritariamente dependente da produção de óxido nítrico derivado do endotélio. Dessa forma, conclui-se que foi possível desenvolver nanopartículas lipídicas sólidas a partir da MSB, sendo a NLS-20 a de maior estabilidade físico-química, com potencial para aplicação em múltiplos sistemas farmacêuticos, como para carreamento de fármacos. Ainda, frente ao período de 30 dias de tratamento dos animais, ambas as apresentações da MSB, nanoformulada (NLS-20) e particulada (PLS), apresentaram igualmente potencial antioxidante vascular. Além disso, foi possível identificar efeito vasorrelaxante das formulações (PLS e NLS- 20) em artéria aorta, havendo tênue destaque para a NLS-20, o que pode estar relacionado as propriedades associadas a nanoformulações.