Objetivou-se com esta pesquisa determinar a característica resistência à verminose (RV) em ovinos Santa Inês a partir de diferentes características relacionadas, para verificar se há uma classificação mais efetiva dos animais quanto à resistência ou não, e estimar os componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos para a característica RV proposta. Foram utilizadas informações de 221 ovinos Santa Inês, com registros na Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, pertencentes a cinco criatórios localizados na região Meio-norte do Brasil. A característica RV foi definida com auxílio da análise de agrupamento não hierárquica utilizando o algoritmo K-means, a partir das combinações das características FAMACHA, ovos por grama de fezes (OPG), hematócrito (HCT), células brancas (WBC), células vermelhas (RBC), hemoglobina (HGB), plaquetas (PLT), hemoglobina corpuscular médio (MCH), volume corpuscular médio (MCV), concentração de hemoglobina corpuscular média (MCHC), escore da condição corporal (ECC), altura da cernelha (AC) e atura da garupa (AG), o que foi denominado de análise completa, e considerando apenas as combinações entre FAMACHA, OPG, HCT e ECC, chamada de análise reduzida. Foram formados três grupos, em que o agrupamento 1 foi composto por 170 animais, o 2 por 42 animais e o grupo 3 por 9 animais. O grupo em que os animais apresentaram menores valores para OPG e FAMACHA e maiores valores para as características sanguíneas (HCT, WBC, RBC, HGB, PLT, MCH, MCV e MCHC) foi classificado como animais resistentes, determinando-se, assim, a característica RV. O grupo que apresentou valores inversos aos dos animais resistentes com maiores OPG e FAMACH e menores valores para as variáveis sanguíneas foi classificado como sensíveis. Já o grupo de animais que apresentou valores entre os dois grupos (resistente e sensível), foi classificado como resistência intermediária. Os resultados das análises com os dois grupos de características, completos e reduzidos, foram equivalentes, de forma que os mesmos animais que foram agrupados em 1, 2 e 3 por meio da análise completa foram os mesmo verificados com a análise reduzida, sugerindo que a indicação ou não da resistência dos animais a verminose pode ser realizada a partir das características OPG, FAMACHA, HCT e ECC, sendo OPG a característica que mais contribuiu para discriminar os animais nos três grupos formados. A partir deste resultado, realizou-se análise genética, assumindo a classificação realizada com base nas análises reduzidas como sendo a característica RV com os fenótipos 3 (resistentes), 2 (resistência intermediária) e 1 (sensíveis). Um modelo animal bayesiano de limiar em análises uni e multicaracterísticas foi utilizado para estimar os componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos. As variâncias genéticas e as herdabilidades estimadas para as características por meio das análises multicaracterísticas foram superiores às obtidas na análise unicaracterística. A herdabilidade estimada para RV foi alta (0,5), indicando a possibilidade de ganhos genéticos satisfatórios a partir da seleção fenotípica. As maiores correlações genéticas foram estimadas entre as características FAMACHA e RV (-80) e entre OPGt e RV (-074). É possível identificar os animais quanto à resistência à verminoses gastrintestinais em rebanhos de ovinos utilizando apenas medidas de OPG, FAMACHA, HCT e ECC. As análises multicaracteristicas possibilitaram resgatar parte da variância genética aditiva não captada em análises univariadas. Ganhos genéticos podem ser alcançados a partir da seleção fenotípica para RV.