Os corpos travestilizados, muitas vezes, não ingressam ou não permanecem nas universidades em virtude dos padrões heterocisnormativos desta instituição que não oferece acolhida necessária a esta parcela da população LGBTQI+. O tema gerador desta pesquisa traz nuanças destes sujeitos em constante desmonte e remontagem de corpos, cruzando a fronteira do que é “normal” e ocupam o entre-lugar da/na universidade, num movimento potente, transgressor e de resistência. Neste espaço de ensino superior as faces da transfobia estão presentes na exclusão e violências vivenciadas pelas travestis, em trajetórias escolares algumas vezes interrompidas e/ou terminadas sob a égide da resistência. O objetivo deste estudo é analisar os processos de aprendizagem das pessoas travestis que estudam na UFPI, considerando as práticas de falta de condescendência e de resistências que fortalecem outros modos de educar afirmativos da vida destas pessoas. Algumas/alguns autoras/es que ancoraram esta pesquisa foram: Adad (2004; 2012), Bento (2006; 2008), Benedetti (2005), Butler (2015), Deleuze (1992; 1997), Foucault (1984; 1992; 1999), Kastrup et al (2014), Preciado (2011; 2014; 2017), Rolnik (2007), dentre outras/os. Este estudo se configura como uma pesquisa qualitativa e tem como metodologia a narrativa cartográfica e são utilizados como instrumentos de produção de dados, entrevistas, observação participante, levantamentos estatísticos, entre outros. A escolha do método foi por entender que estes procedimentos podem dar passagem (voz) aos afetos produzidos entre pesquisadora e o sujeito da pesquisa que se configura num corpo travestilizado que habita como estudante o perímetro da UFPI e que, também, é produtor de afetos. A vivência com este sujeito na ambiência da UFPI foi imprescindível para engendrar os dados e informações sobre esta temática. Refletir sobre a ação deste corpo travesti na UFPI para modificá-la é um passo importante para a formação crítica que suscita mudanças na ação docente, no currículo, nas ações acadêmicas e em outras dinâmicas deste espaço de educar e de aprendizagem. A pesquisa se encaminhou para confirmação da tese de que nos processos educacionais torna-se necessário reinventar as instituições educacionais e suas práticas educativas, em especial a Universidade, a formação docente e seus caminhos para que não sejam alijados mais sujeitos do/no processo escolar.