RESUMO
No Brasil, onde a população afrodescendente historicamente luta de várias maneiras contra os racismos e discriminações, a atuação de grupos organizados que visam combater as práticas de negação seguem uma estratégia comum na (re)criação de práticas girando em torno de filosofias afroancestrais, como lugar de reconhecimento epistémico e valorização pedagógica. Assim, este estudo partiu do seguinte questionamento: quais as contribuições do Grupo de Cultura Afro Afoxá (GruCAA) na vida de seus integrantes através das várias atividades nas áreas de dança, estética, culinária, percussão e artes visuais no período entre 2005 e 2018? Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho esteve voltado à compreensão destas atividades desenvolvidas por este grupo, sediado no Bairro Angelim I, zona sul de Teresina, Piauí. Para uma melhor compreensão dos contextos histórico, educativo e político, contou-se com autores como Francis Musa Boakari (2010), Carlos Brandão (2007), Nilma Gomes (2012), Francilene Silva (2011), Sandra Petit (2015) e Luís Rufino (2019). A abordagem foi a qualitativa que viabilizou uma investigação dialógica e interpretativa. Devido à situação atual da pandemia global, foram realizadas entrevistas semiestruturadas online, diálogos com 03 (três) integrantes e 03 (três) ex-integrantes do GruCAA. Com apoio de leituras baseadas em Laurence Bardin (2016), Roque Morais (1999) e outras assim, os dados produzidos foram organizados, analisados, interpretados e discutidos. As narrativas das co-pesquisadoras/es que subsidiaram este processo mostraram que a atuação do GruCAA incentiva, valoriza e impulsiona práticas educacionais promovendo as pessoas em sua integridade, sendo potente instrumento de diálogo e para a mudança social. Como (in)conclusões, as atividades do GruCAA se evidenciaram como sendo práticas educativas, considerando-as como táticas para a preservação de memórias, histórias, atitudes e principalmente conexões, contextualizando o passado, possibilitando o futuro com características reais de continuidade possível, a partir da valorização das práticas afroancestrais e da formação integral de seus partícipes.