A constituição da identidade docente do graduando de Pedagogia: de professor a gestor
Identidade Profissional. Pedagogia. Concepção Psicossocial de Identidade. Psicologia Sócio-Histórica.
A experiência na docência, em especial como professora do curso de Pedagogia, do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC), da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), estimulou-nos a desenvolver uma pesquisa que teve como objetivo geral investigar o processo de identificação dos graduandos do curso de Pedagogia do CESC-UEMA com a docência dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto, objetivamos, especificamente: identificar os motivos que orientaram a escolha pelo curso de Pedagogia; compreender o que pensam os graduandos acerca do processo de formação que estão vivenciando; analisar as expectativas esperadas pelo graduando em relação à sua atuação profissional como pedagogo; e compreender os sentidos produzidos pelos graduandos de Pedagogia em relação à docência dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A realização desta pesquisa, mediante abordagem qualitativa, firmados sobre os pressupostos da Psicologia Sócio-Histórica defendidos por Vigotski (2001) e Leontiev (1978), em que as categorias Historicidade, Mediação, Atividade, Consciência, Significado, Sentido e Identidade nos auxiliaram na compreensão do homem como ser construído dialeticamente, e da identidade humana como mutável. Fundamentou-se, ainda, na concepção psicossocial de Ciampa (2007), que defende a Identidade como metamorfose, que tende à emancipação; e nas ideias de Dubar (2005) acerca da identidade profissional. Na realização da pesquisa empírica utilizamos como instrumento de produção de dados a entrevista narrativa que, segundo Sousa (2008), permite captar os aspectos subjetivos, sobretudo, a dinâmica do pensamento do narrador. Para o processo de análise do corpus empírico, obtido por meio das narrativas, adotamos o procedimento metodológico elaborado por Aguiar e Ozella (2006), denominado Núcleos de Significação. A opção por esse procedimento justifica-se porque os Núcleos de Significação permitem captar o movimento dialético que constitui o processo de identificação dos graduandos do curso de Pedagogia do CESC-UEMA com a docência dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os resultados, obtidos por meio desse procedimento, permitiram entendermos o movimento de identificação dos graduados por meios de quatro Núcleos de Significação que constituem os processos identitários. O Núcleo “A escolha profissional: o enlace entre o pessoal e o social” revelou os motivos classificados em compreensíveis, que não têm relação com o objeto de estudo; e os eficazes, que mantém essa relação e podem ser mediadores no processo de identificação, mas não definem a identidade profissional. O Núcleo “A formação inicial: revelando identificação com a docência” clarificou que os conhecimentos produzidos durante a formação são significativos na constituição da identidade profissional; O Núcleo “Expectativas para o pedagogo: de professor a gestor demonstrou que as vontades, os desejos, enfim os aspectos subjetivos contribuem para o processo de identificação. O Núcleo “Ser professor dos anos iniciais: alfabetizar, ensinar e cuidar gostando do que faz” retratou a realidade do professor que atua nesse nível de ensino, ao passo que revelou os significados e os sentidos construídos pelos graduandos acerca da docência. Os processos identitários permitiram assimilarmos que os motivos, a formação, as expectativas e o significado de ser professor não são determinantes na constituição da identidade. Os graduandos de Pedagogia se identificam com a docência em suas diferentes formas, como professores da Educação Infantil, dos anos iniciais do Ensino Fundamental e do Ensino Superior, ou como gestores e coordenadores. A análise e a interpretação dos Núcleos nos revelaram que a identificação é processo, portanto é multidimensional, evidenciando que a identidade não é fixa, é dinâmica, é mutável, sujeita às determinações do contexto social.