Desbravando inteligências para o desenvolvimento: o Projeto Bandeirante e a expansão do ensino secundário no Maranhão (1968 – 1973).
História. Memória. Ensino Secundário. Cultura Escolar.
Este trabalho é um estudo sobre a expansão do ensino secundário no Maranhão, através do Projeto Bandeirante, no período de 1968 à 1973. O objetivo geral da pesquisa foi a construção da história e da memória dos Ginásios Bandeirantes. Analisa essa política de expansão do ensino secundário à luz do contexto educacional e político da época, em nível estadual e nacional, privilegiando, a compreensão das bases históricas sobre as quais ocorreu seu surgimento. Estuda as bases ideológicas do Projeto Bandeirante, a interface entre a expansão desses ginásios e a rede privada do secundário maranhense, à época. Problematiza a qualidade dessa expansão a partir da pesquisa documental e dos testemunhos orais. A ampliação do conceito de documento realizada pelos Annales possibilitou olhar arguto e abrangente sobre os vestígios desses ginásios ao longo da pesquisa, englobando nesta diferentes fontes e materiais: discursos e planos de governo, relatórios de inspeção, fotografias, jornais, fardamento escolar, mobiliário escolar, material para o gabinete de ciências e acervo das bibliotecas implantadas nos ginásios. O trabalho com a história oral foi importante para a construção de traços do cotidiano desses ginásios, através dos depoimentos de ex-alunos, de ex-professores e de ex-diretores. Este trabalho apoia-se, dentre outras, nas seguintes categorias e autores: História – Burke (2000), Jekins (2007); Memória – Halbwachs (1990), Portelli (2010) e Bosi (1994, 2003); Cultura Escolar – Julia (2001) e Souza (2008, 2010). O estudo evidenciou o surgimento do discurso desenvolvimentista atrelado à Educação no governo de Newton Bello (1961-1966) e o aprofundamento desse na gestão de José Sarney (1966-1971). O projeto de expansão do ensino secundário por meio dos ginásios Bandeirantes encontrava-se no bojo da construção ideológica de “um novo homem para um novo Maranhão”, na proposta do chamado Maranhão Novo. A pesquisa concluiu que a ideia de modernidade forjada para esses ginásios foi negada na prática devido ao modelo de expansão, que tinha como marcas principais a racionalização e a economia de recursos e, principalmente, a falta de um quadro docente preparado para a efetivação de tal proposta. Na memória das testemunhas, os Ginásios Bandeirantes foram ressaltados como “a luz que dissipou as trevas do atraso e da ignorância no interior do Maranhão”. São essas mesmas falas que permitiram, ao lado da pesquisa documental, constatar as incongruências entre a ideia original do Projeto Bandeirante e a prática desses ginásios. A conclusão evidencia que a expansão dos Ginásios Bandeirantes se deu em contexto repleto de contradições e que, apesar das dissonâncias entre proposta e efetivação, eles constituíram importante passo na expansão do acesso ao ensino secundário no Maranhão.