A presente pesquisa se propõe, numa perspectiva histórica, a refletir sobre a circulação dos saberes musicais jazzísticos na cidade de Teresina, no recorte temporal de 1992 a 2002. Nesse sentido, abordam-se as viagens quem envolvem formação e formadores, os eventos e as produções fonográficas em formato de CD’s (compact disk) dos músicos envolvidos com o jazz na capital do Estado do Piauí. Este estudo, utiliza-se do entrelaçar de recursos da história oral – por meio de entrevistas realizadas com os participantes desse cenário artístico, fundamentados nas orientações de Alberti (2008), Meihy e Holanda (2010), de documentos hemerográficos - jornais impressos, alinhados à perspectiva de Sampaio (2014), fontes auditivas, audiovisuais e virtuais, dentre elas os CD’s, sites, blogs, redes sociais, plataformas digitais de áudio e vídeo, bem como, o material dos acervos particulares dos pesquisados tratadas por intermédio das ideias de Napolitano (2002), (2005) e (2015), e na análise das fontes fotográficas, tendo como base, o olhar de Lima e Carvalho (2015).A fundamentação teórica ficou a cargo dos autores Gomes e Hansen (2016), Perrotti e Pieruccini (2014), Kupiec, Neitzel e Carvalho (2014), Bourdier (1986), Lazzarin e Alvares (2014), e Grosman (2011) acerca de mediação cultural; Elias e Scotson (2000) na mobilização de ideias sobre redes de sociabilidade; Monti (2014) e (2015), e Caldeira (2013), nas relações dos saberes nos processos de ensino e aprendizagem; e Nora (1993) na perspectiva de lugares de memória.Utilizou-se também, estudos relacionados a aspectos técnicos musicais e sociais do jazz, que são Bezerra (2001), Pinheiro (2011), Pinheiro e Bivol (2020), Nunes (2012), Hatch (2002), Domingues (2018), Ribeiro e Schemes (2011), Fabris e Borém (2006), Hosbawm (1971), Mendes (2016), Faria (2006), Gekas e Grippa (2013), Cortês, (2012), Aguiar e Borges (2004), e Bomfim (2016). Ademais, discorreu-se ainda sobre conteúdos presentes no entremeio das relações existenciais do ser artista, como prazer e fazer, alicerçados nos estudos de Salomé (2011), Segnini (2006), Nascimento e Delangelo (2018); produção cultural, com o auxílio de Gadelha e Barbalho (2013); apontamentos sobre eventos, tratados por via de Barbosa (2015), além das vivências e ciclos sociais em Teresina, acessadas por intermédio de Lima (2016).Dessa maneira, circularam saberes musicais jazzísticos em torno das viagens, que em suas idas oportunizaram aos sujeitos que se deslocavam, novas vivências com repertórios, musicistas e peculiaridades musicais diferentes, bem como, a difusão de seus conhecimentos em outros lugares e públicos como Rio de Janeiro, São Paulo e Boston. Por sua vez, o percurso de volta desses deslocamentos, viabilizaram à Teresina a aplicação dessas experiências e aprendizagens, seja por aqueles dela oriundos, ou pelos que oportunamente nela puderam estar. Acerca dos eventos, os saberes circularam principalmente pelas redes de sociabilidade dos sujeitos mediadores, que no uso de suas articulações sociais criaram e conceberam situações que aproximou o jazz de músicos profissionais, estudantes, interessados e consumidores de música em geral. E por fim, identificou-se a circulação dos saberes jazzísticos por intermédio das produções fonográficas em formato de CD’S, que em seus processos de concepção e gravação, oportunizou a absorção e a difusão de conhecimentos composicionais, de arranjo e de improvisação musical.