A dissertação problematiza a afrodescendência na escola com jovens graduandos da formação inicial, propiciando a criação de metodologias sensíveis e inventivas para discussão e implementação da Lei n° 10.639/2003. Reconhece e valoriza a potencialidade de estudantes nas suas escritas de si e de marcadores afrorreferenciados, incluindo-os de modo participativo na escola. O objetivo geral da pesquisa foi compreender as contribuições das metodologias e dispositivos inventivos e afrorreferenciados elaborados pelos/as estudantes do Curso de Licenciatura em Pedagogia entre 2015-2017 sobre o tema-gerador da afrodescendência na escola na implementação da Lei em questão na formação inicial de jovens discentes do curso de pedagogia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Para tanto, os objetivos específicos traçados foram: descrever as metodologias e os dispositivos inventivos e afrorreferenciados elaborados pelos referidos discentes entre 2015-2017 com o tema da afrodescendência na escola; identificar os problemas que propiciaram a elaboração das referidas metodologias e dispositivos pelos discentes sobre Afrodescendência na escola; e refletir sobre outros modos de educar proporcionados pelas metodologias e dispositivos sobre a temática, tendo em vista a implementação da Lei 10.639/2003. A pesquisa foi embasada em: Adad e Silva (2013); Boakari (2015); Corazza (2013); Dias (2012); Freire (2011); Gauthier (2012); Gomes (2013); Brasil (2003); Noguera (2019); Petit (2015; 2009) dentre outros. A pesquisa foi realizada no acervo do Núcleo de Estudos e Pesquisas “Educação, Gênero e Cidadania (NEPEGECI) com a metodologia da Caixa de Afecções Sankofa. Essa metodologia se traduz pelos imperativos "volte e pegue" (san - voltar, retornar; ko - ir; fa - olhar, buscar e pegar), e por retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro. Para isso, executamos três práticas do arquivo: o registro, o deslocamento e a recontextualização. Nessas práticas, fizemos o levantamento das escritas de si, das metodologias e dos dispositivos inventivos e afrorreferenciados elaborados pelos jovens discentes de pedagogia da UFPI sobre o tema-gerador afrodescendência na escola. Em seguida, deslocamo-nos para a dissertação, recontextualizando-os para percebermos nos arquivos a contribuição das metodologias e dispositivos inventivos e afrorreferenciados na formação inicial em Pedagogia. Destacamos também do acervo daquela pesquisa o método hibrido do Círculo de Cultura Sociopoético, com realce para a potência do uso da arte e do corpo na criação coletiva do conhecimento e das seguintes metodologias: autorreconhecimento; hashatag angu da luta (#angudaluta); práticas corporais como brincadeiras tradicionais, jogos e Danças Afro e outras; mistura: sabores e cheiros da afrodescendência na escola como contribuição para a implementação da lei no espaço escolar. Os problemas identificados nas metodologias e dispositivos foram o trabalho individual e solitário do/a professor/a. Neste caso, observamos a necessidade coletiva e comunitária de uma prática educativa que institucionalize uma ética Ubuntu na escola. Além disso, destaca a importância da imaginação e da criatividade no trato com as questões da afrodescendência na escola e observa também a luta coletiva, a força, a coragem, a perseverança, a esperança, a autoconfiança e o amor no enfrentamento dos desafios relativos ao preconceito, especialmente quando o/a professor/a coloca em prática modos de sentir-pensar-agir que problematizam o racismo estrutural e suas inúmeras discriminações, tornando possível a existência viva de discentes afrodescendentes na escola. Aborda, ainda, a importância do reconhecimento e da valorização da cultura afro-brasileira: a potência do corpo afrodescendente, das tradições religiosas e culturais desde a forma de vestir e pensar, por exemplo. As metodologias e dispositivos inventivos afrorreferrenciados foram acionadores de pensamentos potencializadores do corpo de jovens discentes em formação inicial em Pedagogia e propositivos de práticas educativas antirracistas, plurais, inclusivas e democráticas para implementar a Lei 10.639/2003 na escola e em demais espaços educativos.