Ao longo da história do Brasil, os governos trataram a oferta de educação aos povos do campo como uma pauta secundária. A Educação Rural tornou-se a proposta educativa oficial, centrada no ensino de conteúdos desconectados da realidade camponesa. A partir da década de 1990, os movimentos sociais assumiram o desafio de lutar por outro projeto de educação, associado a um projeto de sociedade mais justo, democrático e popular, onde o trabalhador é sujeito desse processo. A partir das experiências da Educação Popular, os movimentos sociais passaram a questionar o modelo de educação que tinha como interesse a adaptação e o ajustamento social das camadas populares, buscando construir um projeto de educação, voltado à valorização da identidade e do modo de vida dos camponeses, bem como, articulado ao projeto de desenvolvimento do campo ancorado na agricultura camponesa. Desse modo, a Educação do Campo foi forjada a partir do acúmulo político, teórico e metodológico construído pelos movimentos sociais, a partir das experiências de educação popular. Dentro desse movimento de constituição de um projeto de educação voltado à realidade sócio-histórica e cultural dos povos do campo, a Pedagogia da Alternância tem se afirmado como uma alternativa pedagógica relevante na formação dos jovens do campo, na medida em que trabalha com uma metodologia que estabelece mediações entre educação e trabalho, conhecimentos científicos e saberes populares, integrando espaços e tempos de aprendizagem, voltando-se para o desenvolvimento local e a formação integral do educando. A partir dessas reflexões, apresentamos como problema de pesquisa: quais os possíveis diálogos construídos entre a Pedagogia da Alternância e Educação Popular nas práticas educativas da Casa Familiar Rural “Vivendo a Esperança” de São João do Sóter – MA? A pesquisa tem como objetivo geral: investigar os possíveis diálogos construídos entre a Pedagogia da Alternância e Educação Popular nas práticas educativas da Casa Familiar Rural de São João do Sóter-Ma. O processo de investigação fundamentou-se nos aportes teóricos da abordagem qualitativa e do Materialismo Histórico Dialético. No trabalho de construção dos dados, foram realizadas as entrevistas e rodas de conversas com os sujeitos, seguindo-se da utilização da análise de conteúdo como meio de organização e análise dos dados. Os resultados deste estudo apontam que as práticas educativas na Casa Familiar Rural “Vivendo a Esperança” tem reafirmado osdiálogos entre a Pedagogia da Alternância e a Educação Popular, tendo os instrumentos pedagógicos como mediadores entre os conhecimentos científicos e os saberes populares, bem como, entre trabalho e educação e teoria e pratica. Neste caso, os processos formativos implementados nos espaços/tempos trazem inúmeras possibilidades de formação crítica dos jovens, associação a implementação de ações comprometidas com o desenvolvimento do meio.