A presente pesquisa se situa no campo da história da educação e aborda a especificidade do ensino de jornalismo no Piauí. O ponto de partida é a seguinte questão-problema: de que forma as narrativas autobiográficas dos professores jornalistas se constituem como ferramentas para compreensão de processos formativos e práticas educativas na história do campo do jornalismo piauiense? O objetivo geral é interpretar as narrativas autobiográficas dos professores jornalistas como ferramentas para compreensão dos processos formativos e das práticas educativas no contexto da história da educação e do ensino de jornalismo piauiense. De forma específica, propõe-se: analisar narrativas autobiográficas dos professores jornalistas que atuam ou atuaram no território piauiense, de 1984, marco temporal do início do primeiro curso de jornalismo, a 2021, dada a atualidade da pesquisa; verificar como se deu o processo formativo dos bacharéis em comunicação que atuam na docência; relacionar as narrativas autobiográficas dos professores jornalistas com elementos da história e memória da educação e do ensino de jornalismo no Piauí; descrever aspectos das práticas educativas dos professores jornalistas e suas implicações na criação e consolidação do curso nas universidades públicas piauienses. A tese levantada é de que as narrativas autobiográficas dos professores jornalistas se constituem como ferramentas para compreensão de processos formativos e práticas educativas no campo do jornalismo piauiense, revelando aspectos sobre a história e a memória desse bacharelado, desde a sua fundação à consolidação. Para o desenvolvimento do trabalho, as categorias teóricas conceituais estão centradas, principalmente, na história cultural, pautada em Peter Burke (1992; 2008); Roger Chartier (2002; 2017); Jacques Le Goff (2013) e Michel de Certeau (2017);nos estudos de memória de Maurice Halbwachs (2006), Michel Pollak (1993), Pierre Nora (1993), Paul Ricouer (2007) e Ecléa Bosi (2003); e história oral, com Walter Benjamim (1987); Paul Thompson (2002); José Carlos Sebe B. Meihy (2013) e Verena Alberti (2013; 2019). Além disso, toma por base os estudos em histórias de vida e narrativas (auto)biográficas de António Nóvoa (1995; 1999); Michael Huberman (1995); Ivor F. Goodson (1995); Maria da Conceição Moita (1995); Pierre Bourdieu; Marie-Christine Jossô (1999; 2006; 2007; 2020); Pierre Dominicé (2006); Franco Ferraroti (1991); Maria Helena Menna Barreto Abrahão (2004); Elizeu Clementino Souza (2006; 2007); com foco na formação docente, a partir das contribuições de Francisco Ibernón (2009; 2017); José Augusto Pacheco e Maria Assunção Flores (1999); Maurice Tardif (2014); António Nóvoa (2002); José Contreras (2012); bem como nas práticas educativas, pelas contribuições de Karel Kosik (2002); Adolfo Sánchez Vásquez (2007); Epitácio Macário (2013); Demerval Saviani (2015); Paulo Freire (2005; 2013; 2015; 2016; 2019); Edgar Morin (2000); José Carlos Libâneo (1998; 2006). Trata-se de uma pesquisa narrativa, de campo e documental, em níveis descritivo e explicativo, com abordagem qualitativa. O processo de produção de dados está dividido em duas etapas: história oral temática, momento em que foram realizadas entrevistas com 12 interlocutores; e história oral de vida de seis professores dos cursos públicos de jornalismo do Piauí, a partir de entrevistas, rodas de conversa e diário. Para interpretação e tratamento dos dados da pesquisa, utiliza-se a análise cruzada, de Paul Thompson (2002) e a análise de conteúdo categorial, de Laurence Bardin (2016). A análise de vestígios de memórias aponta, como resultado parcial, a confirmação da tese. Pelas narrativas de vida dos professores se pode conhecer aspectos memorialísticos que caracterizam a história do ensino de jornalismo no Piauí, entendendo suas fases e transmutações como correlacionadas ao processo de formação docente e às suas práticas educativas, desde que o primeiro curso foi criado até a contemporaneidade.