Historicamente, o acesso ao ensino superior no Brasil é alicerçado nas bases de uma educação escolar racista e excludente a qual seleciona seus estudantes para universidades públicas fazendo-os despontar com as melhores oportunidades na sociedade. Visando sobrepujar essa situação, os movimentos de luta e associações em prol de um sistema público de educação vem lutando para que essa situação mude. Na UFPI, a fim de garantir melhor implementação da Lei de cotas raciais nº 12.711/2012 (BRASIL, 2012) que entrou em execução em 2018, formou-se e instruiu-se membros, como esta pesquisadora, para compor as bancas das Comissões de Heteroidentificação. A atual pesquisa partiu das experiências como membro destas e, também, técnica-administrativa da instituição. Conduzindo-se nesse viés, gerou-se o seguinte questionamento: É possível entender as realidades da Comissão de Heteroidentificação racial da UFPI para implementação da Lei de cotas, através das experiências dos membros das bancas de heteroidentificação da UFPI? Assim, este estudo tem por objetivo geral compreender algumas das realidades das Comissões de Heteroidentificação racial da UFPI, através de conversas sobre as atuações e percepções de dois membros participantes em 2021. Metodologicamente, pautou-se numa abordagem qualitativa, desenvolvendo-se em estudo de caso, para entendermos as atuações e percepções dos membros participantes das bancas em questão, como também, realizou-se análise documental de legislações vigentes e documentos institucionais. As leituras de apoio vieram das contribuições de pesquisadoras/es especialistas sobre a temática como: Abreu (2015), Freire (2010), Boakari (1994), Boaventura Santos (2017), Adilson Santos (2011), Ednilson de Jesus (2011), Sales Augusto Santos (2007), Iraneide Silva (2021), Munanga (2010, 2019), Grosfoguel (2016), entre outros que analisam/discutem as relações raciais na educação. Diante das análises realizadas entende-se que a prática de heteroidentificação desenvolvida na UFPI como política de ação afirmativa constitui-se como instrumento democrático para acesso de estudantes oriundos/as de escolas públicas ao ensino superior público, tendo em vista a exequilidade da Lei de cotas 12.711/2012.