A EJA é uma modalidade de ensino pertencente à Educação Básica com suas características diferenciadas, dadas as condições de seu público tão marcado pela violência estrutural e, consequentemente, pela violação de direitos humanos. Geralmente, são mulheres que vivem em alguma situação de vulnerabilidade social, trazendo como um dos efeitos, a exclusão escolar. Assim, esta pesquisa objetiva analisar as narrativas de mulheres negras sobre educar em direitos humanos em um Centro de Educação de Jovens e Adultos da periferia de Teresina, Piauí, aqui denominada de “Escola da Fronteira”. Especificamente, visa identificar nas narrativas saberes experienciais das mulheres negras da EJA; perceber os problemas e as formas de resistência dessas mulheres; caracterizar modos de educar em direitos humanos que revelam as experiências narrativas das mulheres negras da EJA. O estudo envolve quatro (04) mulheres negras maiores de 18 anos cursando a IV etapa da modalidade EJA. Trata-se de uma pesquisa de intervenção cartográfica de acordo com Alvarez e Passos (2010). No processo da produção de dados por meio de oficinas inspirou-se na sociopoética (SILVA; ADAD, 2020) criou-se as técnicas “Bonecas que falam: criações de mulheres negras da EJA” e “Quarto do espelho: narrativas de mulheres negras da EJA, com as quais foi possível entrar em contato com suas narrativas escritas e orais. Tem-se como principais dispositivos: uma colcha de retalhos, poemas, a criação de personagens, confecção de bonecas de pano, espelho, o diário de itinerância das participantes e da pesquisadora e a entrevista semiestruturada. A análise de dados se desenvolve na perspectiva da interseccionalidade, Collins e Bilge (2021) no sentido de observar as transversalidades de gênero, raça e classe no âmbito da EJA (ARROYO, 2017). Os estudos têm mostrado que apesar das dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras dessa modalidade de ensino, as mesmas tem sido portadoras de saberes e estão sempre desenvolvendo estratégia de resistência, sendo a EJA também um território de sonhos e fugas de opressões domésticas. As narrativas das mulheres apontam para um educar que valorize o acolhimento, o empoderamento feminino, identitário e coletivo, o que atravessa uma perspectiva da educação em direitos humanos (CANDAU,2013).