O presente trabalho tem como objetivo geral analisar a história e a memória da formação de professores para a educação de surdos na rede pública estadual em Teresina-PI, no período de 1970 a 1996, com isso pretendemos verificar como ocorreu os primeiros cursos de formação para professores de surdos; destacar as políticas públicas educacionais para a educação especial, que se tornaram vigentes após a criação da CENESP em 1973, a Constituição de 1988 até a LDBEN de 1996, e sua relação com a formação de professores para a educação de surdos; e compreender os avanços e desafios apresentados pela formação de professores, diante das suas concepções metodológicas e práticas pedagógicas para a educação de surdos, na rede pública estadual de Teresina, no período de 1970 a 1996. A delimitação do período se justifica pelo fato de que, foi a partir da década de 1970, que ocorreu a inauguração da Escola Especial Prof.ª Consuêlo Pinheiro, tida como a primeira escola piauiense destinada a atender alunos surdos no Estado, o que veio a contribuir, nos anos de 1980, para a expansão das classes especiais de surdos, no espaço da rede pública estadual de ensino, na cidade de Teresina-PI, no qual essas classes especiais de surdos, foram integradas em classes comuns regulares de ensino, em função da própria LDBEN de 1996. Desse modo, além da Escola Especial Prof.ª Consuêlo Pinheiro, selecionamos para compor nossa pesquisa, três escolas da rede pública estadual, dentre elas estão: Unidade Escolar Matias Olímpio, Unidade Escolar Paulo Ferraz e a Unidade Escolar Estado do Amazonas. Assim, a pesquisa passa a levantar a tese de que a formação de professores para a educação de surdos só foi possível, devido a estruturação da educação especial no Piauí, com a iniciativa da APAE-PI e da SEDUC-PI. Como base teórica e metodológica da pesquisa, foram necessários os estudos da Nova História Cultural, com Burke (1992), Chartier (1990), Hunt (1992), Pesavento (2008) e Le Goff (2005); a história da educação da educação especial no Brasil, com os trabalhos de Jannuzzi (2012), Mazzotta (2011), na educação especial no Piauí, a pesquisa de Rosado (2016) e na educação de surdos no Piauí, Gomes (2019). E nos estudos sobre Memória partimos das obras Halbwachs (1990), Le Goff (1994) e Bosi (1998) e para a História Oral, os trabalhos de Alberti (2013), Amado e Ferreira (2006) e Freitas (2006), para reconstruir as narrativas formativas dos professores de surdos. Além das entrevistas, buscamos as fontes escritas (jornais, mensagens governamentais, leis, decretos e atas) e fontes iconográficas (fotografias) do período em estudo. Os resultados da pesquisa indicam que foi a partir da estruturação da educação especial no Brasil, que o Piauí, a partir das iniciativas da APAE-PI e SEDUC-PI, entre os anos de 1970 a 1996, passaram a implantar escolas e classes especiais para alunos surdos na rede pública estadual de ensino, fazendo com que a formação de professores para a educação desses alunos, fosse necessária, principalmente em nível de formação continuada, ocorrendo dentro e fora do Estado do Piauí.