A educação em direitos humanos pode ser compreendida como um meio de afirmação da identidade cultural, existência e instrumento de luta contra o processo de colonialidade dos povos indígenas, de modo a corroborar com outros modos de educar. Assim, esta pesquisa de mestrado objetiva analisar os saberes experienciais de docentes indígenas, tendo-os como dispositivos para pensar/construir uma educação em direitos humanos a partir da cultura indígena. Nos objetivos específicos, busca-se mapear saberes docentes indígenas que potencializam modos de educar em direitos humanos, identificando nos relatos experienciais de docentes indígenas, saberes sobre o que é educar em direitos humanos trazidos da cultura indígena, e perceber dispositivos pedagógicos sobre educação em direitos humanos trazidos dos saberes experienciais de docentes indígenas. As bases teóricas deste trabalho sustentam-se nos estudos epistemológicos atuais das relações étnico-raciais realizados por Krenak (2022), Kambeba (2020), Munduruku (2017), Baniwa (2022), Kopenawa (2015), Silva (2022), Candau (2012), Deleuze e Guattari (1995; 2010), Panikkar (2004), Gauthier (2012), dentre outros teóricos Indígenas e que atravessam o campo da Educação em Direitos Humanos. De abordagem metodológica qualitativa, faz uso da cartográfica (Kastrup, 2014), com realização do mapeamento das experiências envolvendo 08 docentes indígenas que trabalham na Unidade Integrada de Educação Escolar Indígena Wazayw’yzara, no território denominado Terra Indígena Cana Brava, na Aldeia Indígena Santa Maria, no Maranhão. Para a criação dos dados, a pesquisa foi desenvolvida em três momentos, denominados de “círculos de cultura”, com inspiração em Paulo Freire (2019), voltados à produção coletiva de conhecimentos dialogando com a circularidade indígena e a perspectiva do educar em direitos humanos, utilizando-se das potencialidades da cultura e dos saberes indígenas. No processo de criação dos dados da pesquisa, destacam-se: o canto na língua indígena, o maracá, o arco e a flecha, a pintura corporal indígena e o conto como dispositivos para pensar a educação em direitos humanos a partir dos saberes experienciais de docentes indígenas. Os saberes experienciais dos docentes originários são advindos de seus ancestrais trazendo a história de resistência dos povos indígenas, que desde a infância aprendem a conviver com as diferenças, diversidades e a valorizar a dimensão comunitária do viver comum. Os relatos dos saberes experienciais de docentes indígenas apontam ainda para uma educação de caráter celebrativo que proporciona alegria e valorização da vida, baseando-se na ancestralidade, na circularidade da natureza, na oralidade, na sonoridade e na memória por meio dos seus cantos e contos. Uma educação maracá, arco e flecha, instrumentos de lutas e resistência, que dão pistas de uma educação circular, imante que a cada movimento retorna e afirma às tradições e saberes indígenas, a defesa do território. O grafismo, que se fixando na pele, demarca território e registra o lugar de pertencimento e identidade Tentehar, gente verdadeira.