Neste estudo, foram desenvolvidos ecocompósitos de polietileno verde de alta densidade, cortiça natural em pó (5, 10 e 15%) e compatibilizante a base de anidrido maleico (5%) com o objetivo de avaliar o potencial desses materiais para aplicações na construção civil. Os compósitos foram produzidos em extrusora dupla rosca corrotacional e moldados via injeção. Os ecocompósitos foram inicialmente avaliados por meio do comportamento mecânico, térmico e acústico, termogravimetria e morfologia. Posteriormente, os ecocompósitos foram avaliados quanto aos efeitos intemperismo natural sobre as propriedades mecânicas sob tração e morfológicas. Nesta etapa os ecocompósitos foram expostos à ensaio de degradação abiótica na cidade de Teresina-PI durante dois distintos períodos de 90 dias: um considerado de altas precipitações pluviométricas e outro considerado seco, como forma de avaliar os efeitos das condições climáticas extremas. Por fim, foi avaliada a aplicação do material como placas de forro em protótipos de construções provisórias com intuito de avaliar o desempenho do compósito quanto ao conforto térmico. De acordo com os resultados, a cortiça apresentou estabilidade térmica para as condições de processamento aplicadas. Quando aplicada aos ecocompósitos, a presença da cortiça reduziu discretamente a estabilidade térmica dos sistemas quando comparados à matriz pura. O uso do compatibilizante não afetou de forma significativa a estabilidade térmica e a temperatura de degradação dos compósitos. Os valores de coeficiente de absorção sonora indicaram que os ecocompósitos são bons absorvedores de som em frequências baixas e médias, em especial àqueles com maior percentual de cortiça. A incorporação do PEgMA reduziu a capacidade de absorção sonora dos ecocompósitos. Após os períodos de exposições ao intemperismo natural, as micrografias revelaram que não houve exposição da cortiça na superfície das amostras, mas a incidência de radiação ultravioleta provocou alterações de cor na superfície e surgimento de fissuras, em especial no período de maiores de altos índices Ultravioleta (IUV), rugosidade e a perda de brilho dos ecocompósitos. As propriedades mecânicas foram analisadas ao final de 45 dias (1ª retirada) e 90 dias (2ª retirada) de exposição e comparadas aos valores encontrados para aos corpos de prova sem envelhecimento. Tanto a resistência à tração quanto a deformação elástica dos ecocompósitos foram reduzidas com o envelhecimento, entretanto, a presença do PEgMA auxiliou na manutenção da resistência à tração após o envelhecimento natural. O módulo de elasticidade da maioria dos compósitos sofreu redução, ocorrendo de uma forma menos significativa no período chuvoso e de forma intensa ao final de 45 dias do período seco. Os valores de tensão de ruptura dos ecocompósitos não compatibilizados não sofreram alterações significativas após o envelhecimento natural, quando comparados com amostras compatibilizadas de composição equivalente. Os resultados de tensão de escoamento não variaram significativamente com o tempo. De uma maneira geral, a inserção do compatibilizante auxiliou na manutenção das propriedades mecânicas dos ecocompósitos. Os ecocompósitos utilizados nos protótipos apresentaram bom desempenho térmico, proporcionando diminuição da temperatura interna da estrutura construída, sendo uma proposta viável para aplicações na construção civil.