Os valores do potencial de superfície de sistemas micelares e nanocápsulas, bem como a orientação interfacial da água, variam drasticamente de acordo com a variação do pH e da força iônica, em contraste com os valores de potencial ζ, que não mudam de modo significativo em magnitude e possuem relevante papel na interação entre a nanocápsulas e a membrana celular via barreiras de potencial elétrico. Assim, entender os detalhes dessa interação é de fundamental importância para a aperfeiçoamento das terapias que utilizam esse mecanismo de entrega de fármacos. Neste trabalho aplicamos a técnica de Espalhamento de Segundo Harmônico Resolvida no Ângulo de Espalhamento (AR-SHS) e Resolvido na Polarização (PR- SHS) no estudo de nanocápsulas de policaprolactona (PCL) carregando no seu interior moléculas de 2,2-dimetil-(3H)-3-(N-3'-nitrofenilamino)nafto [1,2-b] furano-4,5-diona (QPhNO 2), suspensas em solução aquosa, utilizadas no tratamento do câncer de próstata, com a finalidade de extrair o valor do potencial de superfície e a orientação molecular na interface das nanocápsulas. O aparato experimental recém implementado já está em funcionamento e permite a realização dos trabalhos propostos. Os resultados preliminares mostram que o potencial de superfície da nanocápsulas é negativo, mesmo sinal que o da membrana celular, que está entre -40mV a -80mV (Lieb WR, Stein WD (1986)), e que há um ordenamento de camadas de água que circundam as nanocápsulas numa região conhecida de camada de Debye. Essa camada é uma medida direta da região de interação entre a nanocápsulas e a membrana celular. A determinação do comprimento de Debye e dos valores de potencial de superfície ajudarão a entender o mecanismo de ação relativo ao processo de entrega de fármacos, contribuindo para a melhoria das terapias de tratamento de doenças.