Os biomateriais podem ser definidos como “qualquer material, natural ou sintético, que pode ser usado e que interaja com os sistemas biológicos, a fim de manter ou melhorar a qualidade de vida do indivíduo. Estes possuem características específicas, tais como: biocompatibilidade, alergenicidade, osseointegração, rugosidade, molhabilidade, tornando-os materiais com amplo campo de aplicação. Dentro desse contexto, os materiais metálicos destacam-se por apresentarem excelentes propriedades, sendo utilizados na substituição de ombros, joelho, quadris e cotovelo, bem como em estruturas utilizadas pela odontologia. Especificamente para esta última, as ligas de titânio, níquel-cromo e cobalto-cromo se destacam em detrimento de sua excelente resistência à corrosão, boa resistência mecânica, além de sua inertibilidade, não causando danos tais como a liberação de íons citotóxicos. Entre as ligas citadas, as de níquel-cromo apresentam um teor de alergenicidade a ser considerado, que pode desencadear inflamações que resultam na necessidade de retirada da prótese. Uma das técnicas utilizadas para a minimização deste problema é a modificação da superfície do material. Tais modificações podem ser: deposição de moléculas bioativas, deposição de filmes finos orgânicos, metálicos ou óxidos. Diante disto, a presente pesquisa tem por objetivo avaliar a influência tratamento superficial à plasma, a partir da deposição de filmes finos de nitreto de titânio em ligas de níquel-cromo, onde se comparou as técnicas de deposição (gaiola catódica e cátodo oco). Tais ligas foram submetidas anteriormente aos pH 3, pH 6,5, pH 9, para simulação do ambiente bucal. As amostras foram caracterizadas através dos métodos de Microdureza Vickers, Molhabilidade, Microscopia Eletrônica de Varredura. Os resultados apontaram que o uso do cátodo oco permitiu um aumento na microdureza das amostras, com variação de 87,60%. O maior valor encontrado foi de 982,34 gf, na amostra com pH 9,0. Ressalta-se que a camada de filme formada no tratamento em gaiola catódica é muito fina, e então, a microdureza apresentada acima se trata de uma média entre a dureza do filme e do metal base (substrato). No ensaio de molhabilidade, pode-se inferir que o aumento da rugosidade ocorreu em ambas as técnicas de deposição, tornando as superfícies antes hidrofóbicas em hidrofílicas (ângulos menores que 90º) em cátodo oco e superhidrofílicas (ângulo próximo a 0º) em gaiola catódica. Superfícies hidrofílicas e superhidrofílicas apresentam melhor biocompatibilidade ao comparadas com superfícies hidrofóbicas. A partir da micrografia, observou-se que as amostras expostas aos pH 3,0 e 6,5 apresentam a formação de defeitos superficiais com mudança de topografia que favorecem a liberação de íons do material. Após o tratamento superficial, percebe-se a diminuição de tais defeitos com o tratamento em cátodo oco, já para o tratamento em gaiola catódica, verificou-se a obtenção de uma estrutura mais homogênea. Conclui-se, portanto, que a modificação superficial via técnicas estudas, contribuiu para a melhoria de propriedades essenciais para o uso da liga estudada, como biomaterial para aplicações odontológicas e que em meio básico (pH 9,0), a liga apresenta um melhor desempenho.