O estudo e desenvolvimento de fluidos de corte são essenciais para otimizar a eficiência e a qualidade dos processos de manufatura. Esses fluidos desempenham um papel fundamental ao reduzir o atrito e o calor gerados durante operações de usinagem. Além disso, eles melhoram a vida útil das ferramentas de corte e a qualidade superficial das peças trabalhadas, garantindo maior precisão dimensional e produtividade. Nos últimos anos, a utilização de fluidos de corte à base de óleos vegetais tem ganhado destaque como alternativa sustentável aos óleos minerais tradicionais. Esses fluidos de origem renovável oferecem excelente desempenho em termos de lubrificação e refrigeração, além de serem biodegradáveis, reduzindo os impactos ambientais. O desenvolvimento de soluções à base vegetal atende às crescentes demandas por processos de fabricação mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis. A escolha do fluido adequado, considerando suas propriedades de lubrificação, refrigeração e capacidade de remoção de cavacos, é crítica para cada aplicação específica, pois influencia diretamente o desempenho do processo e os custos operacionais. Com isso, a pesquisa de novos fluidos de corte, especialmente aqueles de base vegetal, continua a ser uma área chave para a evolução da manufatura, combinando alta performance e sustentabilidade. Logo esse trabalho busca analisar a utilização do fluido vegetal do Líquido da Castanha de Caju, em estado técnico, (LCCt), aplicado via técnica MQL no torneamento do aço AISI 1045 em estado normalizado e endurecido. A adição de nanopartículas de Al2O3 ao LCCt também foi avaliada. Além disso, para fins de comparação, foram realizados testes em condições a seco, ou seja, sem a utilização de fluidos de corte e com a utilização de um fluido de corte de base integral Vascomill, que é aplicado na indústria com a técnica MQL. Para os diferentes estados do aço AISI 1045, foram utilizadas diferentes condições de corte em termos de avanço da ferramenta: 0,11 mm/rev e 0,23 mm/rev para o material em estado endurecido, e 0,23 mm/rev e 0,35 mm/rev para o normalizado. Os parâmetros de saída avaliados foram a rugosidade da superfície usinada (parâmetro Ra), corrente elétrica da máquina-ferramenta e os cavacos gerados durante o processo. Para os ensaios de torneamento do material em estado endurecido, o desgaste da ferramenta de corte e seus mecanismos foram avaliados via microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os principais resultados mostraram que o LCCt foi capaz de melhorar o acabamento superficial da peça independentemente do avanço e do estado do material se comparados com a aplicação do óleo industrial e da condição a seco. Em termos de corrente elétrica, o LCCt reduziu o consumo de corrente elétrica independentemente da adição ou não de nanopartículas. A avaliação dos cavacos em termos de coloração sugere uma diminuição da temperatura na interface cavaco-ferramenta para o aço em estado normalizado para as condições em que houve aplicação do LCCt, independentemente a utilização de nanopartículas. Em relação ao desgaste da ferramenta, a aplicação do LCCt sem partículas sólidas no torneamento do aço endurecido contribuiu para reduzir o desgaste de flanco da ferramenta em comparação com o óleo industrial e condição a seco. Quando utilizado o LCCt com adição de nanopartículas de óxido de alumínio (Al2O3), a ferramenta de corte apresentou desgaste semelhante ao observado após torneamento com o óleo industrial. Dessa forma, a partir dos resultados obtidos nessa pesquisa, é possível indicar o LCCt como uma alternativa eficaz aos fluidos de corte industriais para aplicações da técnica MQL, principalmente considerando aspectos de custo, sustentabilidade e meio ambiente.