As lesões hepáticas induzidas por drogas (LHID) consistem na principal causa da remoção de drogas do mercado, dentre estas, destacam-se os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), sendo a nimesulida um dos fármacos que nos últimos anos vem sendo associada a casos de hepatotoxicidade, e em muitos países já foi retirada do mercado. Desta forma, nos últimos anos é crescente os números de pesquisas na tentativa de compreender os mecanismos de lesão pela nimesulida. Nesse sentido, algumas vias apresentam-se como promissoras no possível desenvolvimento de terapias alternativas para o manejo das LHID. Nesse contexto, destaca-se a via do receptor ativado por proliferador de peroxissoma gama (PPAR-γ) que alguns estudos tem demonstrado efeito hepatoprotetor no fígado em diferentes modelos de lesão. Com isso, o objetivo deste trabalho é demonstrar o efeito hepatoprotetor da via PPAR-γ na lesão hepática induzida por nimesulida. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Uso Animal (CEUA) com o no 13/2019. Para o presente trabalho foram utilizados camundongos swiss machos (25-30 g), sendo divididos em grupo de 8 animais. Os animais dos grupos com lesão receberam 200 mg/kg de nimesulida via oral (v.o) durante 5 dias consecutivos. Os animais dos grupos tratados receberam o agonista da via PPAR-γ, a rosiglitazona (RSG) em 3 doses distintas: 0,3; 1,0 e 3,0 mg/kg (v.o) 1 hora após terem recebido a nimesulida e outro grupo recebeu o antagonista da via PPAR-γ (T0070907) na dose de 1,5 mg/kg meia hora antes da RSG via intraperitoneal (i.p). No quinto dia da indução os animais foram eutanasiados para a coleta do sangue e do fígado para avaliação da relação peso fígado/peso animal, dosagens bioquímicas do sangue: alanina aminotransferase ALT, aspartato aminotransferase AST, bilirrubina e albumina) e de tecido: avaliação histopatológica, dosagens de glutationa (GSH), malondialdeido (MDA), nitrato/nitrito (NO3/NO2) e mieloperoxidase (MPO), citocinas fator de necrose tumoral alpha (TNF-α), interleucina 1 beta (IL-1β), e a expressão proteica de cicloxigenase 2 (COX-2), óxido nítrico sintase induzida (iNOS) e fator nuclear kappa B (NF-κB) por Western Blotting. Os resultados demonstraram a RSG 3,0 mg/kg reduziu de forma significativa a relação peso fígado/peso e os escores histológicos de lesão em relação as outras doses, sendo essa dose a utilizada nos demais experimentos. A RSG também diminuiu (P< 0,05) os níveis de MDA, NO3/NO2, MPO, TNF-α, IL-1β e preservou a concentração de GSH hepático. Além disso, essa agonista da via PPAR-γ reduziu de forma significante os níveis de bilirrubina. Contudo, quando foi administrado a T0070907 mais a RSG foi constatado um aumento (P< 0,05) nos níveis de MDA, MPO e diminuição dos níveis endógenos do GSH e da albumina. Desta forma, pode se sugerir que via PPAR-γ tem um papel hepatoprotetor na lesão hepática induzida por nimesulida, e a modulação desta via é promissora para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas para o manejo da LHID.