As plantas produzem diversas substâncias que são oriundas do seu metabolismo primário e secundário. Diferente dos metabólitos secundários que apresentam, principalmente, função de defesa, os metabólitos primários apresentam função estrutural, de plasticidade e armazenamento de energia. O caráter medicinal presente em algumas plantas deve-se a compostos químicos presentes em suas folhas, raízes, frutos e cascas, estes compostos são chamados de princípios ativos que em sua maioria provém das atividades metabólicas das plantas, sendo resultantes das reações químicas do metabolismo secundário. A Terminalia fagifolia Mart. (Combretaceae) é uma árvore típica do bioma cerrado brasileiro muito utilizada na medicina popular. Estudos realizados a partir dos extratos e frações da casca do tronco de T. fagifolia coletados na região nordeste do Brasil, revelaram potencial gastroprotetor e antiulcerogênico, além de atividade antibacteriana, antifúngica e citotóxica. Existem diversas doenças que afetam a humanidade, dentre elas destacam-se as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), grupo do qual fazem parte mais de 17 tipos e que afetam aproximadamente 1 bilhão de pessoas, especialmente em países pouco desenvolvidos, dentre elas destacam-se a esquistossomose e a leishmaniose. Este estudo tem como principal objetivo avaliar a atividade anti-Schistosoma e anti-Leishmania de extratos e frações de T. fagifolia Mart.. Foi realizado um estudo cromatográfico preliminar dos derivados, bem como determinado o teor de flavonoides totais. Para testar a atividade anti-Schistosoma, um par de vermes (um macho e uma fêmea) foi adicionado a cada poço de uma placa de cultura de 24 poços contendo meio RPMI 1640. O extrato e as frações dele derivadas foram usados com concentrações de teste de 12,5–100 µg/mL em placas de cultura. Praziquantel foi usado como medicamento de referência (3 µg/mL). Por meio do estudo in silico, os melhores parâmetros de afinidade molecular foram obtidos a partir da interação da enzima tireodoxina glutationa redutase (2V6O) com o ligante eschweilenol-c no sítio ativo. Para avaliação da atividade anti-Leishmania, foi determinada a IC50 para Leishmania spp., além dos estudos computacionais. Os extratos e frações apresentaram de dois a três picos relacionados aos seus principais compostos químicos, sendo a fração aquosa rica em um derivado do ácido elágico. O teor total de flavonoides do extrato e frações variou de 130,55 ± 18,00 a 272,29 ± 28,14 mg equivalente de epicatequina/g de extrato. Na concentração de 100 µg/mL, extrato e frações causou a morte de vermes de S. mansoni após 24, 48 ou 72 h de incubação. Os testes in vitro contra Leishmania spp. foram realizados partindo da concentração inicial de 125 µg/mL de extrato e frações, tendo como CI50 = 29,33 µg/mL para espécie L. amazonensis e 10,69 para espécie L. brasiliensis. A fração aquosa apresentou CI50 =75,33 µg/mL para espécie L. amazonensis e 34,84 µg/mL para espécie L. brasiliensis, as outras frações não apresentaram atividade nas concentrações testadas. Nos estudos in silico os melhores parâmetros de afinidade molecular foram obtidos a partir da interação das enzimas N-miristoiltransferase (4A30) e pteridina redutase 1 (1E7W) com o ligante eschweilenol-c no sítio ativo. Os resultados mostraram que a espécie nativa brasileira de T. fagifolia Mart., possui potencial para o desenvolvimento de drogas visando o tratamento de DTNs.