OBTENÇÃO DE NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS A BASE DA GOMA DO CAJUEIRO ACETILADA PARA INCORPORAÇÃO DE EPIISOPILOTURINA
Palavras-chaves: cajueiro, polímero, acetilação, pilocarpina, alcaloide.
Os produtos naturais estão ocupando um crescente interesse no panorama atual devido seu potencial de aplicação em uma ampla variedade de setores tradicionais e emergentes, tais como a produção de materiais biocompatíveis para dispositivos biomédicos. Dessa forma, destacamos a utilização de polímeros naturais, que apresentam características favoráveis a sua aplicação biomédica e farmacêutica, dentre elas podemos destacar abundância, renovação, biodegradabilidade, biocompatibilidade, não-toxidade, além serem fontes de baixo custo. A goma do cajueiro é um polissacarídeo extraído da espécie Anacardium occidentale L., uma planta tropical extensivamente cultivada na região nordeste do Brasil. Na área biomédica a goma do cajueiro se destaca por seu efeito gastroprotetor, antidiarreica, antitumoral, modulatória de macrófagos, efetividade no tratamento tópico de feridas. Bem como, destaca-se ainda na utilização de seus derivados na produção de nanopartículas poliméricas para a incorporação de fármacos, o que permite uma liberação controlada e sustentada. A epiisopiloturina (EPI), também um produto natural, extraído da folha do Jaborandi, é um alcaloide imidazólico, que apresenta uma comprovada atividade, in vitro, contra Schistosoma mansoni e em um estudo mais recente demonstrou promissores efeito anti-inflamatório e antinociceptivo. Neste contexto, buscou-se nanoformular a EPI em umsistema polimérico de goma do cajueiro acetilada, para permitir uma liberação controlada, aumentando assim o benefício terapêutico e minimizando possíveis efeitos secundários. As nanopartículas foram sintezadas pela técnica de diálise, em duas concentrações de polímero e em diferentes proporções polímero:alcaloide. O tamanho médio e índice de polidispersão (PDI) foram determinados pela análise de espalhamento de luz dinâmico (espectroscopia de correlação de fotóns – DLS) e o potencial zeta foi determinado a partir da mobilidade eletroforética das amostras. Foi determinado a quantidade de EPI incorporada nas nanopartículas, além de serem analisadas por Miscroscopia de Força Atômica (AFM) e Análise de Rastreamento de Nanopartículas (NTA). Para compreender o mecanismo de liberação in vitro os dados foram tratados pelo método de Korsmeyer-Peppas. As nanopartículas sintetizadas apresentaram tamanhos médios entre 108,6 e 154,4 nm e índice de polidispesão entre 0,120 e 0,212. O potencial zeta foi negativo para todas as formulações com e sem o ativo. Foi identificada uma eficiência de encapsulação de até 55% de epiisopiloturina. A análise das imagens obtidas por microscopia de força atômica permite afirmar que as nanopartículas apresentam formato esférico e se distribuem de forma agrupada. O tamanho das nanopartículas por NTA encontram-se em consonância com os obtidos por DLS. Além disso, a concentração de nanopartículas variou entre (92,4) x 109 e (136,5) x 109 partículas/mL. A liberação da epiisopiloturina nanoformulada ocorreu de forma lenta e gradual, apresentando um equilíbrio por volta de 6h de liberação. O valor de n encontrado foi de 0,37 para a liberação da EPI, sendo possível afirmar que a transferência de massa segue o modelo de difusão Fickiana. Os resultados obtidos indicam que as nanopartículas a base da goma do cajueiro acetilada incorporadas com EPI apresentam características de sistemas coloidais manométricos e o que permite um perfil de liberação lento e gradual, com difusão do tipo Fikiana tornando assim formas viáveis de formulações de nanopartículas.