A úlcera gástrica apresenta diversas etiologias, dentre elas destaca-se o estresse.
Apesar de possuir uma fisiopatologia complexa, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
é tido como principal mediador da resposta do hospedeiro ao estresse que pode
causar aumento na secreção gástrica, diminuição de muco gástrico, além de
geração de estresse oxidativo. O estresse está relacionado com estilo de vida e
também acomete grande parte de indivíduos internados em unidade de terapia
intensiva (UTI), estes, necessitam de uma terapia profilática que geralmente causa
efeitos colaterais e prolongam o período de estadia nesse setor. Mediante a isso, a
procura por novas terapias que possam prevenir os efeitos do estresse tem tido
importância considerável. O alfa-cetoglutarato (ACG) é uma molécula que tem
apresentado diversas atividades benéficas e tem se mostrado promissor no
combate ao estresse oxidativo, inflamação e envelhecimento precoce. Ele é um
metabólito obtido a partir do ciclo do ácido tricarboxilico (Krebs) e é precursor de
síntese proteica, é uma molécula não tóxica de fácil solubilidade em água e em
outros tipos de soluções. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo avaliar o
efeito protetor do ACG no modelo de úlceras gástricas induzidas por estresse em
camundongos. Para esse estudo, foram usados camundongos Balb/c pensando
entre 25 e 30g, divididos em grupos de 5 a 7 animais. Os grupos experimentais
foram pré-tratados durante 5 dias com ACG nas doses de 270, 540 e 1080 mg/kg
(v.o) para obtenção do melhor efeito, os grupos sham (controle negativo) e
estresse (controle positivo) receberam apenas água destilada. Ao final do 5° dia,
foram submetidos ao estresse por restrição a água sob uma temperatura de 20°C
durante 6 horas. Após a eutanásia, o estômago foi retirado para análises
macroscópica, análises histopatológicas, além de analises das fibras de colágeno
tipo I e III, expressão de muco na mucosa e gânglios mesentéricos. Dosagens dos
níveis de glutationa reduzida (GSH) e mieoloperoxidase (MPO) também foram
realizadas. O ACG na dose de 1080 mg/kg reduziu a área lesionada quando
comparado com o controle positivo em 92,75% (p<0,05), apresentando resultados
próximos do grupo sham. Portanto essa dose foi escolhida para os demais ensaios.
Além disso o ACG conseguiu diminuir os escores histopatológicos evidenciados no
grupo estresse, estes foram avaliados através de edema tecidual, infiltrado
inflamatório, hemorragia e perda celular. Não foram observadas alterações
significativas entre as fibras colágeno do tipo I, todavia os níveis de colágeno do
tipo III foram significativamente aumentados quando comparado com o grupo
estresse. Além disso, o ACG também conseguiu manter a arquitetura dos gânglios
do plexo mesentérico gástrico quando comparado com o grupo exposto ao
estresse. O ACG também reestabeleceu os níveis de GSH para próximo dos níveis
encontrados no grupo sem estresse, enquanto isso, o grupo lesionado diminui
drasticamente os níveis de GSH. Esses resultados revelam que o ACG conseguiu
proteger de forma significativa a mucosa gástrica dos danos causados pelo
estresse de restrição a água fria em camundongos.