O câncer colorretal (CCR) é a terceira malignidade mais comum e o segundo tumor mais letal no mundo. Embora existam diversas opções terapêuticas, incluindo quimioterapia citotóxica com fluoropirimidinas, compostos de oxaliplatina e inibidores da topoisomerase, essas abordagens ainda enfrentam limitações. Diante disso, vitanolídeos têm-se demonstrado promissores em estudos pré-clínicos e são avaliados como alternativas quimioterápicas. Assim, este trabalho objetivou investigar os efeitos citotóxicos de cinco vitanolídeos de Athenaea velutina (Solanaceae) em linhagens celulares tumorais, bem como compreender os mecanismos moleculares subjacentes. Um screening mostrou citotoxicidade dos vitanolídeos em células de diferentes tipos histológicos, com intervalo de CI50 variando de 0,52 a 8,31 µM em linhagens tumorais e 0,46 a 9,03 µM em células não tumorais, conforme ensaio de MTT. Devido à similaridade estrutural e perfil de atividade entre o vitanolídeo 1 (AV1) e o vitanolídeo 5 (AV5), optou-se por uma análise detalhada do AV5. Investigações subsequentes revelaram que o AV5 reduziu a viabilidade de um painel heterogêneo de células de CCR. Os mecanismos de ação foram investigados em HCT-116 e HCT-116 p53-/-. Observou-se efeitos sugestivos de dependência de concentração e tempo. Esses ocorrem com pelo menos 6h de tratamento e podem persistir por períodos mais longos, como evidenciado pelos ensaios de pulso e time-lapse microscopy. Os eventos iniciais com 6h de exposição envolvem aparecimento de organelas vesículares ácidas (AVOs), indicativo de autofagia, e mudanças no citoesqueleto, conforme demonstrado por imunofluorescência. Um tratamento de 24h provocou o envolvimento de AVOs, vacuolização citoplasmática e figuras mitóticas atípicas, conforme observado em análise morfológica. Simultaneamente, o AV5 provocou parada em G2/M, com aumento discreto de SubG1, indicativo de morte celular. A nível molecular, o AV5 provocou danos ao DNA, evidenciado pela expressão de γH2AX e p21, e bloqueio do fluxo autofágico, modulando a expressão de Beclina 1, LC3-B e SQSTM1/p62. O tratamento também influenciou positivamente a clivagem de PARP-1, embora sem significância estatística, e sem alterar os níveis de expressão de BCL-2 e BCL-XL. O efeito citotóxico do AV5 foi corroborado em um modelo de cultura tridimensional. Portanto, o AV5 apresenta um atraente potencial citotóxico contra linhagens celulares de câncer colorretal, com efeitos associados à parada do ciclo celular, autofagia e danos ao DNA.