(DES)IGUAIS NA DIFERENÇA: A FORMAÇÃO TÉCNICA DAS ALUNAS DO INSTITUTO FEDERAL – CAMPUS TERESINA CENTRAL
Gênero, Mulher, Educação, Trabalho.
As mulheres, ao longo das últimas décadas, obtiveram grandes conquistas sobre seus
direitos na sociedade. São cada vez mais crescentes os níveis de autonomia e de
participação que elas têm adquirido na esfera pública, principalmente em áreas relativas
a educação e trabalho. Sabe-se que ocupam, cada vez mais, os espaços, antes,
considerados masculinos não havendo a mesma reciprocidade por parte dos homens nos
espaços domésticos. Apesar dos avanços, a situação geral, ainda, é de desigualdade de
gênero, sobretudo, na área do trabalho com as mulheres ganhando salários menores, em
funções e atividades mais precarizadas e menos valorizadas, quando comparadas aos
homens trabalhadores. Desse modo, considera-se importante investigar a presença das
mulheres nessa arena da educação e trabalho para identificar os elementos
desencadeadores e influenciadores dessas desigualdades sociais entre os sexos no
processo de formação. Sendo assim, esse estudo tem como objetivo analisar a formação
técnica das alunas do Instituto Federal, Campus Teresina Central, primeira escola
federal de educação profissional e tecnológica que estão inseridas nos cursos de
eletrônica, eletrotécnica e mecânica, considerados tradicionalmente masculinos, a fim
de verificar se essa Instituição contribui para a equidade de gênero requisitada no novo
modelo de educação profissional e tecnológica. Trata-se de um estudo de caráter
qualitativo (BOURDIEU, 2004; GOLDENBERG, 2004; MINAYO, 2007, 2002), com o
propósito de apreensão dos significados dos discursos sobre a formação técnicadas
alunas, cuja coleta de informações se deu através de observação sistemática, analise do
questionário socioeconômico educacional das alunas e entrevistas semiestruturadas,
aplicados com alunas e docentes dos referidos cursos técnicos, compreendendo o recorte
temporal de 2009 a 2014.A relevância social desse trabalho consiste em desvelar a
existência de possíveis desigualdades de gênero no processo de formação profissional
técnica das alunas inseridas em cursos tradicionalmente masculinos. A fundamentação
teórica básica norteia-se numa perspectiva de gênero tomando este como elemento
constitutivo das relações sociais e expressão primeira das relações de poder, através das
concepções de teóricos como (SCOTT, 1990, 1994, 1995; BOURDIEU, 1999, 2002;
FOUCAULT, 1997, 2003); na interface com educação autoras como (LOURO, 1994,
1997, 1999;CARVALHO, 2003, 2010; VIANNA, 1998, 2010) e na esfera do trabalho
(BRUSCHINI, 2000, 2008, 2011; HIRATA, 2002, 2003 2011). Os resultados revelam
que há diferenças, no processo de formação das alunas quando comparadas aos alunos,
que resultam em discriminações e, portanto, desigualdade de gênero nas práticas
docentes e nos requisitos para seleção de estágio. Entretanto, se percebe que as práticas
discriminatórias manifestadas no espaço investigado não sugerem intencionalidade,
parecem serem decorrentes de introjeções de valorese práticas endereçadas ao
masculino e ao feminino, esses adquiridos através dos processos de socialização das
principais instituições básicas. Todavia em meio a produção dessas desigualdades de
gênero, há também as práticas de resistências e empoderamento das mulheres inseridas
nessa instituição escolar.