O presente trabalho de dissertação abordou a temática de violência de gênero, especificando-se nas violências doméstica e familiar, trabalhando com mulheres que viveram em situações desse tipo de violência e recorrem aos órgãos institucionalizados de enfrentamento à violência contra a mulher. Foi levantada a seguinte problemática: Quais as perspectivas das mulheres em situação de violência doméstica e familiar no curso das rotas críticas? Entendendo por perspectivas as formas como as mulheres viam a si e aos outros, bem como as violências e relações de gênero no decorrer das rotas. Por rotas críticas tem-se a concepção de Sagot (2000), trabalhada sob uma subdivisão elaborada na própria pesquisa: rotas processuais e rotas relacionais. Partiu-se inicialmente do debate de gênero, passando pelas concepções de Scott (1989) e Connel e Pearce (2015), em seguida fala-se do movimento feminista e da construção da epistemologia feminista através de teóricas do feminismo como Rago (1998), Harding (1993), Louro (2014), e demais teóricos da teoria social contemporânea como Santos (2015) e May (2004), passando à caracterização das Violências doméstica e familiar com Saffioti (2004) e a tipificação penal trazida pela Lei 11.340/2006, e das Redes de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e Rede de Atendimento Especializado, bem como identificando os órgãos que possui o Estado do Piauí, para por fim abordar as rotas percorridas, através de entrevistas, por quatro mulheres cujos processos judiciais foram encerrados e por uma mulher que foi acompanhada nesse percorrer. A pesquisa é de abordagem qualitativa. Os resultados encontrados foram indicativos de mudanças e permanências no que diz respeito aos serviços especializados, bem como os atendimentos realizados em cada órgão e as influências de pessoas das vidas cotidianas de cada mulher (parentes, vizinhos, colegas de trabalho, de igreja), indicando que há avanços e também retrocessos.