Com a crise do regime de acumulação fordista a partir da década de 1970, a produção capitalista, no bojo da globalização, passa por processos de reestruturação e culmina no regime de acumulação flexível. Com fulcro na flexibilidade produtiva e no modelo de empresa enxuta, esse regime, que possui o Toyotismo como seu mais representativo cânone, tem impactado decisivamente o mundo do trabalho, acarretando profundas transformações em seu interior, oportunizando um intenso debate por parte daqueles que tentam entender e explicar a natureza e as implicações sociais dessas transformações. Nesse debate atenção é dada ao processo de qualificação dos trabalhadores para o processo produtivo. Sob o manto do Toyotismo, o regime de acumulação flexível é apresentado como responsável por esvaziar a divisão social do trabalho – típica do regime fordista de produção – e instituir um novo perfil de trabalhador ancorado na competência, empregabilidade e empreendedorismo. Nesse sentido, com base no arcabouço teórico de Marx (1996) e estudiosos que defendem a centralidade da categoria trabalho no mundo contemporâneo (ALVES, 2007 e ANTUNES, 2015) o objetivo do presente estudo é analisar a trajetória profissional de egressos da Educação Profissional no Estado do Piauí no período de 2013 a 2016. O objeto empírico são os egressos dos cursos Técnicos Concomitantes/Subsequentes em Administração e Vestuário do IFPI/Campus Piripiri, que concluíram seus cursos entre 2010 e 2012, sendo 39 (trinta e nove) egressos do curso de Administração e 27 (vinte e sete) do curso de Vestuário, totalizando 66 (sessenta e seis) participantes. Com base em critérios probabilísticos e não-probabílisticos será constituída amostra de 54 (cinquenta e quatro) egressos, sendo 27 (vinte e sete) de cada curso. A coleta de informações será realizada mediante a aplicação de questionário, realização de entrevistas, além de pesquisa bibliográfica e documental. A construção e interpretação dos dados ocorrerá à luz das abordagens quantitativa e qualitativa, com predominância desta última. No tratamento dos dados seráo utilizadas a Estatística Descritiva, a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1979) e, em caráter complementar, as árvores de associações de ideias e as linhas narrativas de Spink (2000). No plano teórico, sustenta-se a tese da centralidade da categoria trabalho no mundo contemporâneo. Argumenta-se que o regime de acumulação flexível, ao revés do que é veiculado, intensifica a exploração do trabalho pelo capital, deslocando-se a desqualificação do trabalhador, existente no interior da empresa fordista, para o âmbito das pequenas e médias empresas em razão do relacionamento atual que estas mantêm com as grandes empresas, conhecido como empresa “em rede”. Quanto à instituição do modelo da competência defende-se que a sua difusão, constitui ardil adotado pelo capital para ocultar a sua lógica excludente, responsabilizando o trabalhador pelo (in)sucesso no mundo do trabalho. Nesse momento, este estudo não apresenta resultados empíricos, pois a coleta de informações está em andamento.