No Brasil, a Constituição Federal de 1988 trouxe diversos avanços sociais. Um deles refere-se à institucionalização do lazer como um direito social de cidadania, tendo-se em vista que antes da sua proclamação existiam apenas algumas ações estatais de lazer direcionadas para os trabalhadores da indústria e do comércio, com o intuito de promover a reposição e reprodução da força de trabalho. Nesse sentido, a CF/88 foi responsável pela universalização do direito ao lazer, contudo, com a chegada do neoliberalismo no país o processo de implementação de políticas de lazer não chegou, de fato, a ocorrer. Essa importante dimensão da vida foi apropriada pelo mercado como uma promissora área de negócios e reduzida à condição de mercadoria, tal como indicam os atuais elos entre lazer e consumo. Na cidade de Teresina (PI), o grande investidor de lazer é o setor privado que se aproveita da ausência de investimentos do Estado no provimento de opções de lazer públicas e gratuitas para vender excitação (ELIAS; DUNNING, 1992), principalmente, em shopping e bares. Nesse cenário, o Parque da Cidadania, inaugurado em junho de 2016, surge como uma outra possibilidade de lazer, sobretudo, para os jovens que não dispõem de recursos para comprar o lazer vendido pelo mercado. Diante disso, este estudo objetiva compreender como os jovens vivenciam o lazer no Parque da Cidadania, a partir das possibilidades de lazer oferecidas pela cidade. Para tanto, foram realizadas entrevistas individuais com jovens (BOURDIEU, 1997; GASKELL, 2003; PORTELLI, 2017) e observações direta e participante no campo empírico (JACCOUD; MAYER, 2014; VELHO, 1999; BRANDÃO, 2007). Como consequência, essa investigação pode servir de subsídios para a construção de políticas e ações voltadas para a concretização do direito ao lazer para as juventudes que levem em consideração as particularidades e necessidades juvenis. Além disso, este estudo pode contribuir para a produção de conhecimento a respeito das realidades dos jovens na cidade, pois estas pouco são objeto de reflexões e investigações sociológicas pela acadêmia.