O espaço escolar, por meio de seus múltiplos sujeitos, configura-se num lócus marcado pela produção de diferenças, mas também de preconceitos. O presente estudo tem como objetivo geral compreender os sentidos das práticas discursivas acerca de gênero e sexualidades no contexto de uma escola pública, de ensino médio, em Teresina, PI, com a finalidade de identificar a presença de discriminações no tocante às mulheres e as pessoas LGBT por parte dos/as sujeitos/as que compõem a escola (docentes, discentes, corpo administrativo), tomando como referência os discursos dos/as estudantes, possibilitando refletir sobre os fatores que geram, desencadeiam e/ou potencializam as desigualdades sociais de gênero nos intramuros da escola, de forma a contribuir para a diminuição do quadro de desrespeito e violação aos direitos humanos nessa sociedade contraditoriamente tão desenvolvida e retrógrada. Os aportes teóricos que balizam a discussão de gênero estão respaldados em Scott (1995), Connell & Pearse (2015), Bourdieu (1989) e Foucault (2017), e suas interfaces com a educação em Louro (1997; 2003; 2007; 2016) e Miskolci (2012; 2014). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com aplicação de entrevistas semiestruturadas junto aos/as estudantes da referida escola e tratamento dos dados através da análise de discurso (Spink & Medrado, 2013). A análise parcial do campo, em geral, indica discursos tradicionais e reguladores da heteronormatividade. Quando associados às mulheres sinalizam a presença de concepções tradicionais de gênero, relacionando-as aos afazeres da casa, considerando-as intelectualmente inferiores e criticando-as pela liberdade de práticas no tocante as relações afetivo-sexuais. Em relação às pessoas LGBT tem-se um teor regulador e defensor da heterossexualidade como padrão regimental do exercício ideal da sexualidade, onde as expressões e sentimentos homoafetivos são vigiados e coagidos a conter prazeres, desejos e afeições a fim de preservar uma boa imagem da escola.