Desde os anos 2000, observa-se significativas transformações no campo do cinema com as possibilidades advindas com a revolução digital. No Brasil, principalmente a partir de 2010, configura-se o que alguns autores denominam de “Novíssimo” Cinema Brasileiro, com produções de baixo orçamento reconhecidas em festivais, cujo modo de produção, “independente”, contrapõe-se aos moldes do cinema “industrial”, em que os posicionamentos dessa geração de realizadores, demonstram a centralidade da dimensão simbólica na produção de tais obras (VASCONCELOS, 2010). Tomando os fatos dessa tese de doutorado como pressupostos, e o conceito de continuum (BECKER, 2012) para tratar a oposição entre cinema “industrial” e cinema “independente”, o objetivo deste trabalho é contribuir para a compreensão da dimensão simbólica (BOURDIEU, 1989; 2015) do Cinema “Independente” Contemporâneo por meio da produção de sentidos (SPINK, 1999; 2010) de seus realizadores em Teresina (PI), no período de 2013 a 2018. Tem-se como hipótese que o contexto de cinema independente contemporâneo em Teresina apresenta-se enquanto reflexo de amplas mudanças no mundo contemporâneo, na era pós-industrial, e de descentralização da produção audiovisual brasileira, porém suas particularidades reforçam o poder de ações coletivas (BECKER, 1977b) de ativismo audiovisual, com forte caráter político e epistêmico de contestação a padrões socioculturais estabelecidos com os quais os indivíduos – pertencentes a uma geração posterior à da tese supracitada e, por vezes, organizados em coletivos (MIGLIORIN, 2012) – não se identificam. Trata-se de pesquisa qualitativa, com utilização de entrevistas semiestruturadas para a coleta dos dados empíricos. Assim, no presente campo de estudo observa-se características de um cinema pós-industrial (MIGLIORIN, 2011), cujas produções começam a impactar o incipiente campo (BOURDIEU, 2009) ou mundo (BECKER, 1977a) cinematográfico de Teresina (PI), impactos esses que poderão ter o início de seu delineamento após a presente pesquisa.