Esta pesquisa soma-se aos estudos de gênero, trazendo como perspectiva de análise a interseccionalidade diante do entendimento de que não há hierarquia de opressões, pois estas se entrelaçam. O ponto de partida é a condição do corpo negro na modernidade/colonialidade. Alvo de genocídio e epistemicídio, sob este corpo foram impostas condições de existência e não-existência marcadas pela dor e pelo trauma. As feridas coloniais doem até os dias atuais, onde o racismo moderno é vigente de forma estrutural e se desenvolve como processo psicológico. Na modernidade/colonialidade, racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado são simbióticos e articulados na produção de identidades, hierarquias e padrões de dominação. Sendo assim, a condição da mulher negra traz consigo o entrecruzamento de opressões, mostrando também que a categoria mulher não é universal. Ao me voltar para o espaço da Universidade Federal do Piauí (UFPI), busco verificar a inserção de mulheres negras e periféricas na universidade, considerando que historicamente as universidades ocidentalizadas foram reservadas às elites brancas e cujo nome do ensino prestado (superior) já traz consigo uma hierarquização dos saberes na sociedade, que tem bases no genocídio/epistemicídio moderno. Tenho como pressuposto que resistir é um ato intrínseco do existir de corpos negros e trago como hipótese que as práticas sociais e corporais de mulheres negras e periféricas apresentam resistências no seu cotidiano ao ocupar o espaço institucionalizado da universidade. Sendo assim, o objetivo geral da investigação é produzir e analisar confetos (conceitos perpassados por afetos) sobre as vivências e (r)existências de mulheres negras e periféricas na UFPI. Para alcançá-lo, ancoro-me na abordagem sociopoética, uma teoria e prática filosófica de pesquisa grupal que percebe os saberes populares e acadêmicos iguais em direitos e que utiliza de dispositivos artísticos para pesquisar com o corpo todo.