O presente trabalho de dissertação abordou o cordel numa perspectiva sociológica,
especificando-se o campo literário do cordel e as questões de gênero no saber-fazer
das poetisas cordelistas teresinenses associadas a Cordelaria Chapada do Corisco
(COCHACOR); bem como, o direito de entrada destas e as regras especializadas do
campo literário do cordel que contribuem para as práticas discursivas das poetisas
cordelistas. Desta maneira, quais as práticas discursivas das mulheres cordelistas
dentro do campo literário? Para as classificações e análises ideológicas dos cordéis
utilizaremos, inicialmente, as discussões de Proença, 1976 e Cavalcanti, 2007. A
seleção, transcrição e análise do material seguirá o recorte teórico das categorias de
Memória (HALBWACHS, 2004; NORA, 2003); Saudade (ALBUQUERQUE JÚNIOR,
2011); Cultura Popular (CHARTIER, 1995); Campo literário (BOURDIEU, 2002),
Gênero e Dominação Masculina (SAFFIOTI, 2004; BOURDIEU, 2004). Para a análise
dos folhetos de cordéis, das entrevistas a serem realizadas e do grupo focal a ser
desenvolvido iremos utilizar a perspectiva de práticas discursivas (SPINK, 2000) para
fins da “tradução” da produção de sentidos das cordelistas, quer seja resultante de um
processo de negociação/assujeitamento com os cordelistas. Os resultados
encontrados apontam para um assujeitamento das cordelistas às regras do campo
especializado do cordel. E ainda, da necessidade de uma chancela dos guardiões dos
cordéis para que estas tenham o direito de entrada no cordel. Por fim, as poetisas
cordelistas da COCHACOR não se encontram mais invisibilizadas.