ENTRE O AFETO E O DESAMOR: Descortinando a violência conjugal no contexto familiar.
Gênero, violência de gênero, violência conjugal, violência familiar.
O fenômeno da violência de gênero perpassa ás relações sociais construídas por homens
e mulheres na sociedade brasileira deixando marcas no tecido social e na subjetividade
dos indivíduos. No estudo em questão, tem-se como referencia o contexto familiar.
Historicamente e socialmente há predominância de um gênero sobre outro, isso tem
contribuindo para as desigualdades de gênero, relações de poderes e o aumento da
violência, seja ela doméstica, intrafamiliar e conjugal. Desse modo, pondera-se nesta
investigação compreender as consequências da violência de gênero, sendo mais
especifica a violência conjugal, na vida do/a/s filho/a/s, através das mulheres/mães
vítimas dessa violência. Conforme, Saffioti (2004), a violência de gênero, inclusive em
sua modalidade familiar e doméstica, não ocorre aleatoriamente, mas deriva de uma
organização social de gênero, que privilegia o masculino. É significativo destacar que
o/a/s filho/a/s presenciam momentos do casal, tais como: as relações de afetividade,
discussões, agressões físicas, verbais, psicológicas que podem resultam em outras
formas de violências. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo geral,
compreender os reflexos da violência conjugal na vida dos filhos no contexto familiar,
percebidos pelas mulheres/mães. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, com o
uso de entrevista semiestruturada e o Diário de Campo (WHITAKER, 2002). A análise
discursiva (SKIPK, 2010) tratará os dados da realidade em estudo. O espaço dessa
investigação acontece na cidade de Teresina-PI, tendo como sujeitos da pesquisa
mulheres/mães vítimas da violência de gênero ocorrida no lar e seus filho/a/s maiores de
18 anos, que estão ou já tenham sidos assistidos pela Defensória Pública Estadual, em
especial ao Núcleo de defesa da mulher em situação de violência, entre os últimos
cincos anos (2009-2014). Consideram-se os diferentes estratos sociais das vítimas de
violência, por entender que a violência de gênero acontece em todas as camadas sociais.
Embora tenhamos várias pesquisas sobre a violência contra a mulher, são escassas as
investigações sobre a violência conjugal que considerem os filhos/a/s. Portanto, a
relevância social dessa investigação esta em compreender a violência conjugal na vida
do/a/ filho/a/s, produzida no ambiente familiar, com o propósito de vislumbrar esse
fenômeno na sociedade teresinense. A fundamentação teórica considera estudos de
diferentes autores. A perspectiva de gênero numa concepção de analise relacional e
histórica tem por base Scott, 1989; Saffioti, 2004; Lauretis, 1994, entre outros associada
às relações de poder (FOUCAULT, 1979; BOURDIEU, 2002). A compreensão da
violência de gênero, doméstica e conjugal conta com a colaboração de diversos autores
(AZEVEDO, 1985; GREGORI, 1993; SAFFIOTI, 1994, 1999, 2001, 2004; SANTOS E
IZUMINO, 2005; DINIZ, & PONDAAG, 2006; GIORDANI- 2006; SOARES, 2009;
STREY, 2012). Considera-se coerente as opções teóricas e metodológicas proposta
nesta investigação, adequadas aos objetivos almejados. Os resultados iniciais da
pesquisa de campo revelados nos discursos apresentados pelas mulheres/ mãe indicam
que a violência na relação conjugal atingem também, os filho/as, mesmo de forma direta
ou indireta, extrapolando o contexto da relação conjugal. Muitos deles chegam a decidir
junto com a mãe se deve haver processo judicial contra o pai.