Com a crise do regime de produção industrial fordista a partir da década de 1970, o sistema capitalista, no bojo da globalização, passa por processos de reestruturação. Trata-se do regime de acumulação flexível. Ancorado na flexibilidade produtiva e no modelo de empresa enxuta toyotista, esse regime tem impactado o mundo do trabalho, ocasionando transformações em seu interior, eclodindo o debate teórico entre aqueles que tentam entender e explicar a natureza e as implicações sociais dessas transformações. Nesse debate, atenção é dada ao processo de qualificação dos trabalhadores para o processo produtivo. Sob a lógica do Toyotismo, o regime de acumulação flexível é apresentado como responsável por minimizar a divisão social do trabalho – típica do regime fordista de produção – e instituir um novo perfil de trabalhador ancorado na competência, empregabilidade e empreendedorismo. Nesse sentido, com base no arcabouço teórico de Marx (1996) e de outros estudiosos (ALVES G, 1999; 2007; ANTUNES, 1999; 2005; 2015; FRIGOTTO, 2005; 2010; RAMOS M., 2002; KUENZER, 1997; 2007; 2011; 2016; e MANFREDI, 2017) o presente estudo analisa a trajetória profissional de egressos da Educação Profissional no Estado do Piauí. O objeto empírico são os egressos das primeiras turmas dos cursos Técnicos Concomitantes/Subsequentes em Administração e Vestuário do IFPI/Campus Piripiri, que concluíram seus cursos entre os anos de 2011 e 2014. A coleta de informações realizou-se mediante a aplicação de questionário eletrônico, realização de entrevistas semiestruturadas, pesquisa bibliográfica e documental. A construção e interpretação dos dados ocorreu à luz das abordagens qualitativa e quantitativa. No tratamento dos dados utilizou-se a Estatística Descritiva e a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2002). No plano teórico, argumenta-se que o regime de acumulação flexível, ao revés do que é veiculado, intensifica a exploração do trabalho pelo capital. Quanto à instituição do modelo da competência defende-se que a sua difusão, constitui ardil adotado pelo capital para ocultar a sua lógica excludente, responsabilizando o trabalhador pelo (in)sucesso no mundo do trabalho. Os resultados da investigação, ancorados no discurso dos egressos, revelam que estes, apesar das dificuldades, conseguem inserção no mercado de trabalho local na condição de empregados, servidores públicos e empreendedores, ainda que a referida inserção ocorra em área diversa da formação profissional e sob a precarização do trabalho e desvalorização da qualificação técnico-profissional.